Paulo Polzonoff, Gazeta do Povo
IMAGEM ILUSTRATIVA CAPTURADA DO GOOGLE IMAGENS
“Dane-se!”. Foi o que disse a primeira dama do PT e, incidentalmente, do Brasil ao justificar sua presença ao lado do Lula na reunião do G20. Dane-se que a criticam por ocupar um lugar que não lhe pertence. Dane-se que os “fascistas” ainda não aceitem o fato de ela ter conquistado esse lugar graças aos encantos de sua argúcia. Isso, chamemos de argúcia e, no mais, é como disse a sábia Janja: dane-se!
Assim é o Brasil pós-Bolsonaro: o país do “dane-se”. Que o diga Alexandre de Moraes, cujo mantra matinal não poderia ser outro. Dane-se a Constituição! Dane-se as garantias individuais. (E eu sei que a concordância tá errada; mas, por força do estilo coloquial, dane-se!). Dane-se o Estado Democrático de hahahahahahahaha Direito. Dane-se a prisão em massa pelo crime de ser “bolsonarista”. Dane-se a excepcionalíssima censura prévia, né, Cármen Lúcia? Dane-se as imagens do aeroporto de Roma. (De novo errado, eu sei. Mas estilo coloquial, etc.).
É o governo da indiferença. Da banana para o povo. Do “não tô nem aí pra opinião pública”. Do dar de ombros para o que é certo e moral. Indicar o advogado pessoal ou o comunista esbelto a um STF ideologicamente aparelhado? Dane-se! Faltar à posse do presidente argentino, mas receber o ditador Maduro com aquele sorrisão canalha no rosto? Dane-se! Defender terrorista do Hamas e alinhar o país ao que há de pior no mundo? Dane-se! Dane-se ao quadrado. Dane-se ao cubo, tanto quem fez o L em troca da promessa de cerveja e picanha quanto quem não fez.
Dane-se e, pensando bem, foi nisso que teriam votado os já míticos 50,90%. Danaram-se, isto é, escolheram seu próprio destino. Seu fado. Sua danação. Colocaram nas mãos dessa gente o poder de tomar decisões que afetam seu bem-estar agora e amanhã. Talvez pelas próximas décadas. Condenaram-se a terem de carregar nas costas os privilégios dos burocratas e tecnocratas. Venderam suas almas para o Leviatã e por isso dançam ao som dessa valsa triste: dane-se.
Governo da indiferença
Pedâ, penê, pesê. Ou dapá, nepê, sepê. E nem vou falar do passado, do Petrolão e Mensalão que já caíram no esquecimento. Afinal, dane-se o que eles fizeram nos governos passados. Não, não convém mencionar a explosão de violência em todo o país. Dane-se. Nem os diálogos cabulosos. Dane-se. Ei, dona Tebet, o dotô Haddad quer criar mais um imposto. Dane-se. Virão o dezempenho dos estudante brasilero no Pisa? Danece.
Dane-se que temos como presidente um ex-presidiário condenado por corrupção e lavagem de dinheiro – e jamais inocentado pela Justiça, apesar do alvará de soltura dado pelo STF. Dane-se que estamos comprometendo o futuro só para ver prevalecer ideias cheias de teias de aranha e que já se provaram erradas no passado. Dane-se e, se você ainda não entendeu o que a Janja disse, dane-se. Dane-se tudo porque “o amor voltou” e, no mais, conseguimos nos livrar do tiozão do churrasco que tanta vergonha nos causava. Ora, o que é o certo em comparação ao prazeroso, não é mesmo? Dane-se.
Dane-se que agora o cronista vai chamar isso de um hedonismo inconsequente. De uma incapacidade patológica de fazer o certo pelo certo. De um vício no que é conveniente. Dane-se que ele insistirá na ideia do “governo da indiferença”. Um governo que não está nem aí para mim ou para você, quanto mais para as instituições, a democracia, a nação, o povo – ou qualquer abstração do tipo. Que se danem. Se lasquem. Se estrepem. Se explodam. Se ferrem. Que se fo...rmalize, se fo...rce, se fo...rje o fim desta crônica. Antes que eu acabe escrevendo alguma besteira.
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