Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Sem futuro

 Sílvio Lopes


 Há vasta literatura a respeito dos fatores que movem nações para alcançarem a prosperidade, tornarem- se ricas e distribuírem abundância à maioria de sua gente. Sim, maioria, por que nem todos se motivam para obter o seu quinhão como atestam exemplos históricos desde os tempos bíblicos. Esse contingente, na verdade, se auto exclui do processo e o fenômeno é comprovado no interior das mais prósperas economias do planeta, mesmo nos dias de hoje.

No best- seller " Por que as nações fracassam", os autores Daron Acemoglu e James Robinson prospectam com profundeza as origens do poder, da prosperidade e da pobreza. Dentre os fatores que impulsionam a prosperidade destacam-se três pilares fundamentais e de imprescindível ação concomitante: 1) Amor ao trabalho; 2) Hábito da poupança e 3) Honestidade. Mesmo sem riqueza no subsolo ou diante de situação geográfica desfavorável (climática e/ou territorial), é possível atingir a prosperidade como provam vários países, Japão no meio, entre outros tantos.

O amor ao trabalho é, quem sabe, o fator principal. Somos, nós, brasileiros um tanto avessos a nesse fator importante, despontando entre as nações com uma das mais baixas taxas de produtividade no trabalho. No que se refere ao hábito de poupar, então, nossa taxa (5% do PIB) se mantém aquém das necessidades mínimas. Nações prosperam mediante taxas acima de 25%. Nos anos 70/80, o Brasil pôde até mesmo avançar pelo fato de, à época, ter tido a graça de poupar em média 20% do PIB. Essas duas questões, creio, podemos corrigir com o tempo diante de uma educação aprimorada - comportamental e financeira.

O nó górdio que nos impede de ser prósperos e cauteriza qualquer ação nesse sentido, está todo centrado no item honestidade. Um país que não demonstra desejo algum em combater o bom combate (eleger como alvo o eliminar a desonestidade enraizada na cultura de seu povo e suas lideranças), está fadado a ser uma nação fracassada e injusta. No dia em que imitarmos os animais, que segundo Winston Churchill não escolhem incapazes para liderar a matilha, aí sim, daremos um passo decisivo para jamais um dia sentirmos vergonha por nossas escolhas políticas. E estaremos realmente prontos para construir a nação dos sonhos de nossos antepassados.

*       O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista, professor e palestrante.















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