Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

'As travessuras de Dino',

 por Rodrigo Constantino


Era uma vez um menino muito travesso chamado Dino. Ele só gostava de usar camisa vermelha desde criança. Mais tarde, assumiu que era um comunista, graças a Deus! Como bom comunista, Dino enaltecia os piores regimes do planeta. Quanto mais totalitarismo, censura, perseguição a inocentes, mais Dino aplaudia.

Dino virou ministro da Justiça numa aliança "para salvar a democracia". Era a piada pronta, pois o país não era bem uma nação que merecesse tal título, mas sim um grande circo. Logo no começo de seu mandato, uns arruaceiros desesperados resolveram invadir instituiçÔes de estado.

Dino ficou lå, com seu sorriso diabólico, só acompanhando os acontecimentos que poderia impedir. Ele mesmo meio que confessou para a imprensa aliada, sem saber que haveria uma CPMI em que a oposição cobraria as imagens.

Tanto o governo de Dino como a mídia subserviente trataram os acontecimentos daquele fatídico dia como o maior atentado golpista contra a democracia na história do país. Com base nisso, o aliado ministro supremo chegou a prender, de férias em Paris, mais de mil "meliantes", que teriam tentado dar um golpe usando algodão doce como arma.

Os parlamentares da CPMI exigiram, então, as tais imagens. O governo, que chamou aquilo tudo de ato golpista e não queria a abertura da CPMI para investigar, ficou de embromação e mandou a pelota para o campo supremo. Autorizado a entregar as imagens, Dino disponibilizou somente duas cùmeras de segurança, enquanto um deputado da oposição provou existirem vårias outras.

Os jornalistas prostituídos não se incomodaram, pois para eles basta a narrativa de Dino. Mas os insistentes opositores não desistiram, pois Dino ainda não conseguira transformar esse grande circo num típico país comunista, sua eterna inspiração. Aí algo teve de ser dito para dar alguma explicação, por mais fajuta que fosse, aos deputados e senadores.

"Imagens do MinistĂ©rio da Justiça e Segurança PĂșblica em 8 de janeiro foram apagadas", dizia a chamada. "A justificativa Ă© que as gravaçÔes ficam salvas por 15 dias e sĂŁo excluĂ­das para abrir espaço de armazenamento no sistema", constava no subtĂ­tulo. Puxa vida! Logo as imagens daquele dia tĂŁo importante, que o prĂłprio Dino chamou de golpe terrorista?!

Quanto custa um hard disk com terabytes de capacidade de armazenamento? É bem baratinho, nĂŁo Ă© mesmo? Para salvar a democracia, entĂŁo, creio que o valor compensasse. Mas nada disso importa. O tal paĂ­s, como jĂĄ disse, Ă© um enorme circo, e o povo assume compulsoriamente o papel de palhaço.

Dino apenas sorriu uma vez mais, imaginando o contorcionismo dos jornalistas que comprou e transformou em militantes. Com sua pança esparramada no sofå caríssimo pago pelos trabalhadores, Dino se lembrou de quando era apenas um travesso menino na escola, e chegou sem seu dever feito.

A professora cobrou explicaçÔes, pois valia ponto, e o garoto Dino, rindo, apenas disse: "O cachorro comeu meu dever, professora". E depois saiu gargalhando, direto para o circo com tenda vermelha...












publicadaemhttps://rota2014.blogspot.com/2023/08/as-travessuras-de-dino-por-rodrigo.html

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