Jornalista Andrade Junior

sábado, 15 de julho de 2023

Marco Aurélio Mello alertou STF sobre riscos de ‘entrar na seara alheia’

 Ministro aposentado comentou declarações recentes de Luís Roberto 'perdeu mané' Barroso

Marco Aurélio Mello, que ocupou cadeira no Supremo Tribunal Federal por 31 anos, chegando a presidência da egrégia corte, deu declarações ao Diário do Poder sobre as recentes falas do ministro Luís Roberto Barroso (STF). O ex-ministro elogiou Barroso, que está em vias de assumir a presidência do Supremo, e afirmou que o colega é “um grande quadro”, embora tenha errado ao relacionar judiciário com política partidária.

Em primeiro lugar não vejo o judiciário como poder político. Cabe ao juiz, em geral, atuar com equidistância e independência absoluta. O judiciário não está engajado em qualquer política, muito menos governamental. A política do judiciário é institucional. Visa a prevalência da Lei maior, que é a Constituição Federal”, declarou Marco Aurélio.

Houve um ato falho por parte do Ministro Luís Roberto Barroso, a quem rendo minhas homenagens. É um douto, homem de urbanidade. Ele estava realmente em local impróprio, um palanque estudantil. Talvez tenha tido uma recaída, lembrando-se da época em que também foi estudante e lutava contra o regime de excessão, lançando aquela frase infeliz.”, conjecturou.

Judiciário não derrota quem quer que seja. Judiciário não disputa. Judiciário declara o direito incidente no caso concreto. Interpreta a Lei e soluciona o conflito”,destacou.

Mello rogou por “compreensão” a Barroso diante da grande polêmica levantada com as falas do futuro presidente do Supremo.“Não podemos crucificar o ministro Barroso. É um homem do diálogo, tem serviços prestados ao país. É um grande quadro, e precisa ser compreendido. Confio que fará um grande trabalho à frente do judiciário pátrio”, avaliou.

Há de haver temperança, há de haver compaixão e compreensão. Ele é um ser humano, e como ser humano tem direito a ter um dia menos feliz”.

Questionado sobre a pecha de ativismo judicial sobre o Supremo, o ex-ministro revelou que tratava desse assunto com os pares enquanto integrava a bancada da egrégia corte.

Quando na bancada, eu alertei muito sobre a necessidade de ficarmos dentro das balizas constitucionais, no espaço que nos era reservado. Entrar na seara alheia é como lançar um boomerang que pode voltar a própria testa. É bom que cada poder possa atuar em sua área”, delimitou.

Em resposta sobre quais situações evidenciam a entrada de um poder na seara de outro, Mello frisou que “em certas decisões se esquece que a atuação do judiciário é um atuação vinculada. A partir dessa vinculação é que se tem segurança jurídica. Você não pode deixar a Lei de lado”.

“Por isso, com a capa sobre os ombros- foram 31 anos no supremo, 42 no colegiado julgador como todo- alertei sobre a necessidade de autocontenção, atuação segundo o modelo aprovado pelo Congresso Nacional”.

Diário do Poder















publicadaemhttp://rota2014.blogspot.com/2023/07/marco-aurelio-mello-alertou-stf-sobre.html


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