Lucas Berlanza
Autonomia do Banco Central sim, mas “respeitando o poder democraticamente eleito”. É o que diz Gabriel Galípolo, indicado pelo governo Lula à presidência do Banco Central, em sua sabatina no Senado – mais uma dessas que não servem para nada porque ninguém cria nenhum incômodo ao indicado.
Um heterodoxo que não acha que o Estado brasileiro seja muito grande e que reproduz a ladainha da associação entre responsabilidade fiscal e “combate à desigualdade social” (geralmente a máscara com a qual se encobrem todas as irresponsabilidades fiscais), Galípolo vem convencendo diversos setores de que terá perfil moderado.
Garante boa relação com Campos Neto e, de fato, é Diretor de Política Monetária do Banco desde maio de 2023, apesar do seu histórico intelectual afastado do liberalismo. Parece acenar à base mais insana de Lula e aos discursos do próprio presidente brasileiro contra o seu antecessor, porém, quando fala justamente que é preciso explicar melhor o que significa “autonomia” e que o banco deve satisfações ao governo – observação que não poderia ter lugar se não houvesse quem julgasse que o banco estaria desrespeitando esse imperativo de “relativa” subserviência.
Se fosse para o Banco Central apenas se curvar à gritaria dos governos, os mandatos de seu presidente e do presidente da República não seriam alternados e não haveria o que falar em autonomia.
Esperamos que ele seja tão técnico quanto possível e não ceda às pressões aventureiras de seu aliado. Como disse o próprio Galípolo, “o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro. Cada ação e decisão deve unicamente ao interesse do bem-estar de cada brasileiro”. O “interesse do bem-estar de cada brasileiro” se dá respeitando os imperativos da economia e não a afobação populista do Lula.
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