por Guilherme Fiuza
– O que você tá achando da guerra?
– Muito boa.
– Hein?! Não entendi. Você disse que está achando a guerra boa?
– Isso mesmo.
– Como alguém pode achar uma guerra boa?
– Achando.
– Mas guerra é violência.
– Às vezes é necessário.
– “Às vezes” quando?
– Quando o mal que está sendo combatido é maior que o mal da guerra.
– E existe isso no mundo hoje?
– Claro que existe.
– Explica melhor.
– Quando a sociedade começa a ser induzida por parte dos indivíduos a um caminho que nega a civilização, é preciso deter esse descaminho, do jeito que for.
– Complicado... E você quer dizer que isso está acontecendo agora?
– Quero, não. Estou dizendo.
– Mas não te incomodam as cenas de violência militar?
– Violência, não. Força.
– Pra quem está do outro lado dá no mesmo...
– Cada um colhe o que planta.
– O que esses que estão sendo atacados plantaram?
– Negacionismo.
– Hein? Onde você viu negacionismo nessa guerra?
– A guerra só está acontecendo por causa do negacionismo. E é para combatê-lo. Para impedir que a civilização se desvie da virtude.
– Onde você viu ofensiva militar contra negacionistas?
– Em vários lugares. Foi um cerco muito bem feito.
– Dá um exemplo.
– Gostei muito da cena das forças de segurança abafando e prendendo uma mulher que gritava contra a ciência.
– Não vi isso na guerra.
– Por isso você não entende a guerra. Não está prestando atenção.
– Estou, sim. Desde o primeiro ataque vi tudo que apareceu na TV e na internet.
– Nem tudo é informação visual. Tem a parte estratégica que você só compreende se ler bastante sobre o assunto.
– Claro. Você está aprovando a estratégia?
– Totalmente. Estou aplaudindo de pé.
– O que você destaca nas táticas de guerra que viu até agora?
– O bloqueio bancário.
– Teve isso?
– Tá vendo? Você não está acompanhando direito a guerra. Essa foi uma das principais medidas estratégicas da ofensiva.
– Realmente não notei. Como é essa medida?
– O comando nacional determinou a interrupção do acesso às contas bancárias dos que fossem flagrados como negacionistas. Uma asfixia dura, mas necessária. Pode crer que o avanço do negacionismo é pior do que qualquer medida dessa ofensiva.
– E muitos negacionistas foram flagrados pelo comando?
– Muitos.
– Que tipo de gente são eles?
– Vários. Com certeza uma boa parte são caminhoneiros.
– Caminhoneiros negacionistas?
– Isso.
– É, não estou mesmo acompanhando essa guerra direito. Não tinha visto nenhuma notícia sobre bloqueio bancário contra caminhoneiros ucranianos.
– Que ucranianos, companheiro? Como é que ia sair um comboio da Ucrânia até o Canadá?
– Que Canadá? Quem falou de Canadá? Estamos falando da guerra.
– Exatamente. A guerra do Trudeau contra os negacionistas. Estado de emergência, asfixia militar e armamento pesado contra os que ameaçam a higiene e a paz sanitária. Uma das maiores ofensivas das forças de segurança da história do país, exemplo pro mundo todo.
– E o Putin?
– Acho fraco. Sou mais o Trudeau.
Gazeta do Povo
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