Jornalista Andrade Junior

sábado, 24 de outubro de 2020

O CUSTO DA IGNORÂNCIA

 por Marcos A. F. Martins (Marcos Canaã)

Quando foi que permitimos
que os que destruíam flores
cuidassem do nosso horto?

Em que tempo foi que, absortos,
deixamos que os imprudentes
gerissem nossos destinos?

Quando foi que abrimos mão
de ensinar aos meninos
e cedemos à "didática"?
Se erro, dize-me então:
como foi que se perdeu
essa dadivosa prática?

Sem pretender insistir
sendo apenas consistente,
convém-me só perquirir:
Como, quando e até por que
aplaudimos o momento
em que ataram nossa gente?

Primeiro eles vieram
e ocuparam nossos lares;
e lhes fizemos família.
Então eles nos disseram
que era preciso mudar
e nos cercaram em ilha.
E ainda que cuidariam
de nossos filhos e filhas
e atraíram suas mentes.
E, quanto aos dissidentes,
chamaram-nos de inimigos
e perdemos nossos entes.
Depois fomos divididos
em "nós" e "eles": os canhotos
e os faltos de alma vivente.
Chamaram os do outro lado
de lixo e coisa indizível
e nós nos tornamos bichos.
E sem prestar atenção
deixamos que dividissem
o que não tem divisão.

E eles propuseram ainda
que moldássemos a fé
para alguma coisa linda.
E quando nós percebemos,
não havia mais uma fé,
mas só concepções fingidas.
E as Escritura Sagradas
Foram sendo assim mudadas
por forma de manifesto.
E o que nos sobrou, de resto,
não foi uma religião,
mas um guia de protestos.

E entregamos liberdade
na troca por igualdade.
E, quando já era tarde,
perdemos as nossas tardes.
Sem alarde, nos tiraram
o direito de pensar.
Já não tínhamos ideias,
apenas meras doutrinas.
E nos armaram as teias,
caímos na malha fina.
E eles nos desarmaram
e impuseram violência.
Quando fomos reagir
restava-nos a demência.

Odiamos o patrão
todos empreendedores
os que são do sexo oposto
e pessoas de outras cores...
Apartamo-nos de irmãos
criamos grandes barreiras
perdemos os sentimentos
e sofremos de cegueira.

Onde ficaram as praças?
Onde estão todas as flores?
Quem quebrou nossas vidraças
e quem levou nossas cores?

Onde está toda beleza?
Quem destruiu essas artes?
Onde guardaram riquezas?
Quem fez todos os desastres?

Mas, agora, acordamos
para a dura realidade:
o custo da ignorância
é a nossa liberdade!

#ocustodaignorância

























publicadaemhttp://www.puggina.org/artigo/convidados/o-custo-da-ignorancia/17283


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