Jornalista Andrade Junior

sábado, 18 de julho de 2020

"Uso obrigatório de máscaras: uma agressão à liberdade e à saúde?",

 por Carlos Adriano Ferraz

Afinal, é realmente importante o uso de máscaras?
Após meses de uma suposta pandemia, creio que já seria o momento de avaliarmos a situação com base em dados, pesquisas, bom senso, etc, certo? Ou, ainda, quem sabe não debatemos as questões atinentes a essa situação de um ponto de vista realmente científico?
Isso significa estarmos abertos ao debate, a posições que destoem do mainstream. Não apenas isso, significa nos afastarmos da cientocracia e do uso político torpe dessa suposta crise. Ciência implica, necessariamente, falibilidade. Todo modelo dito ‘científico’ deve poder ser questionado. Do contrário, não temos ciência, mas dogma.
Não obstante, parece-me que após meses de medidas, para dizer o mínimo, discutíveis, como isolamento social, interrupção da atividade econômica, suspensão das atividades educativas, obrigatoriedade do uso de máscaras, etc, ainda estamos sob a ditadura não apenas de interesses políticos espúrios, mas também de um emotivismo reles, o qual se impõe como um dogma sacralizado e inquestionável.
E esse dogma está, agora, determinando nossas vidas, desafortunadamente para pior.
Nesse momento, por exemplo, municípios estão autuando (e multando) indivíduos que saiam às ruas sem a máscara devidamente colocada em seus rostos. E a pergunta que me ocorre é: qual a base científica dessa medida?
Ainda que nossos gestores, especialmente prefeitos e governadores, digam orgulhosamente estarem baseando suas decisões em ciência, não os escuto apresentando argumentos científicos que justifiquem medidas tão radicais e, mesmo, ditatoriais.
Sua fala é sempre a mesma: “precisamos salvar vidas”. Essa é uma estratégia perversa, pois de largada pretende deixar claro que aquele que a questiona não quer salvar vidas. Ou seja, todo aquele que questiona medidas como as acima citadas é, para o mainstream, um genocida em potencial.
Tal “argumento” é, em verdade, uma falácia, ‘argumentum ad passiones’, a qual apela não à razão ou ao bom senso, mas aos afetos, aos sentimentos, algo comum em uma época em que vige o sentimentalismo tóxico, na qual tudo gira em torno dos sentimentos, das emoções.
Somente em um contexto de incontinência sentimental teriam espaço, por exemplo, a ‘ideologia de gênero’, o ‘politicamente correto’, e outras asnices que no passado seriam consideradas mera diversão circense.
Todavia, como não estamos (como inicialmente previsto pelos manufatores da “crise”) tropeçando sobre cadáveres conforme andamos pelas ruas, penso que podemos questionar, de forma razoável, todo o caos criado em torno dessa situação, bem como as medidas adotadas.
Sim: o caos parece estar centrado nas medidas adotadas, não na suposta pandemia mesma.
Assim, gostaria apenas de fazer algumas considerações nomeadamente sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras e seu efeito (talvez nocivo) sobre a saúde.
Não vou apresentar minhas próprias opiniões, mas aquilo que tenho lido em alguns estudos realmente científicos (expressos em artigos revisados por pares). Portanto, me limitarei a apenas trazer para a reflexão estudos sérios e não dogmáticos sobre esse ponto em particular. E isso para que tenhamos aquilo que caracteriza a ciência: debate, oposição e, claro, informações baseadas em dados e bons argumentos.
Com efeito, começo esclarecendo que o coronavírus (SARS-CoV-2) tem efeitos leves sobre aqueles que o contraem. A maioria é, inclusive, assintomática: sequer percebe que está com o coronavírus. A taxa de recuperação é também altíssima.
O maior risco é em relação àqueles com comorbidades, bem como idosos/ pacientes em casas geriátricas no fim de suas vidas. Mas mesmo dentre eles há boas expectativas de recuperação, especialmente se tratados precocemente.
Dito isso, perguntemo-nos: que dizem estudos sobre a eficiência do uso de máscaras na contenção do coronavírus?
Cito primeiramente o estudo “The use of mask and respirators to prevent transmission of influenza: A systematic review of the scientific evidence” (bin-Reza et al. ‘Influenza and Other Respiratory Viruses’ 6 (4), 257–267, 2012), no qual são analisados sistematicamente diversos estudos prévios acerca da eficiência das máscaras para proteção contra o influenzavirus A.
Ao final, os autores concluem que “nenhum dos estudos estabeleceu uma relação conclusiva entre o uso de máscaras e a proteção contra a infecção por influenza”. E, cabe notar, como não há, ainda, estudos específicos sobre máscaras e SARS-CoV-2, os pesquisadores têm adotado como referência os estudos sobre o influenza.
[Aliás, uma curiosidade: os pesquisadores também notam que, por exemplo, quando alguém está contaminado com tuberculose apenas o doente usa máscara, não sendo necessário que os não contaminados a usem. A atual exigência de uso universal é, segundo eles, uma novidade].
Com efeito, de acordo com o estudo citado não há, pelo menos ainda, evidências que mostrem a eficiência do uso de máscaras no embate contra o coronavírus. Pelo contrário, os estudos apontam para sua ineficiência.
Mas, se ficarmos com essa conclusão, parecer-nos-á que elas (máscaras) são apenas indiferentes, certo? Ou seja, ainda que não ajudem pelo menos não causam mal, certo?
Talvez não. É possível que elas não sejam realmente inócuas.
E é aqui que entram estudos que mostram a possível nocividade de seu uso, especialmente (mas não apenas) por pessoas saudáveis.
Assim, que nos dizem os estudos sobre o uso prolongado de máscaras (especialmente das mais comuns, as cirúrgicas de tecido ou celulose)?
Os estudos nos dizem que seu uso prolongado pode causar desde dores de cabeça até hipóxia (baixo teor de oxigênio nos tecidos orgânicos), levando (seu uso prolongado) a sérios problemas de saúde.
O estudo “Headaches associated with personal protective equipment - A cross-sectional study among frontline healthcare workers during COVID-19” (Ong JJY et al. ‘Headache’ 2020; 60 (5): 864-877) envolveu 159 profissionais da saúde com idades entre 21 e 35 anos. Resultado? 81% deles desenvolveram dores de cabeça após usarem máscaras, sendo que naqueles que já costumavam ter dores de cabeça as dores se agravaram, o que prejudicou sua atividade profissional.
O estudo “Preliminary report on surgical mask induced deoxygenation during major surgery” (Bader A et al. ‘Neurocirugia’ 2008; 19:12-126) demonstrou que o uso de máscaras cirúrgicas reduz o nível de oxigênio no sangue.
Usando um oxímetro em dezenas de cirurgiões, os pesquisadores descobriram que o uso das máscaras causava uma redução significativa de oxigênio no sangue deles após as cirurgias (eles faziam a medição antes e após as cirurgias, durante as quais eles usavam as máscaras). Assim, quanto mais durava a cirurgia, maior a queda no nível de oxigênio no sangue.
Aliás, para entender melhor esse ponto é recomendável a leitura do artigo “Effects of long-duration wearing of N95 respirator and surgical facemask: a pilot study” (Zhu JH et al. ‘Journal of Lung, Pulmonary & Respiratory Research’ 2014:4:97-100).
Com efeito, nesses estudos encontramos também que a hipóxia leva a uma queda na imunidade, prejudicando, inclusive, a resistência a infecções, nos tornando propensos, vejam só, ao COVID-19 que justamente se pretende evitar.
Para quem ainda duvida que o uso de máscaras possa nos tornar propensos não apenas a contrair infecções (como do COVID-19), mas a ter seus efeitos agravados, recomendo alguns artigos: “Cutting edge: Hypoxia-Inducible Factor-1 negatively regulates Th1 function” (Shehade, H. et al. ‘The Journal of Immunology’ 2015; 195:1372-1376), “Hypoxia enhances immune suppression by inhibiting CD4+ effector T cell function and promoting Treg activity” (Westendorf A.M, et al. ‘Cellular Physiology & Biochemistry, 2017; 41:1271-84) e “Hypoxia-driven immunosuppression contributes to the pre-metastatic niche” (Sceneay J. et al. ‘OncoImmunology’ 2013; 2:1 22355).
Se não bastasse isso, pacientes com câncer tendem a ter (com a hipóxia) um agravamento de seu quadro, uma vez que o câncer se desenvolve melhor em microambientes com baixos níveis de oxigênio. Não apenas isso, esse mesmo baixo nível de oxigênio nos torna propensos a inflamações, as quais, por sua vez, levam a várias enfermidades (câncer incluso).
Novamente, se há dúvidas quanto ao que estou afirmando, vamos aos artigos científicos revisados por pares: “Immunoexcitatory mechanisms in glioma proliferation, invasion and occasional metastasis” (Blaylock R.L; ‘Surgical Neurology International’ 2013; 4:15) e “Nucler factor-kappaB: The enemy within” (Aggarwal B.B. ‘Cancer Cell Journal’ 2004; 6:203-208).
Se não bastasse todos esses males, hipóxia prolongada (por longos períodos de uso de máscaras, por exemplo) pode ser causa de aterosclerose (acúmulo de placas de gordura, cálcio e outras substâncias nas artérias) e, consequentemente, de enfartos e de derrames cerebrais, algo evidenciado no artigo “Chronic intermittent hypoxia induces atherosclerosis” (Savransky V et al. ‘American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine’ 2007;175:1290-1297).
Por fim, ainda é digno de nota outro problema inerente ao uso prolongado de máscaras, do qual, aliás, mesmo pessoas sem formação médica se apercebem (já escutei muitas se perguntando), qual seja: se estivermos com algum vírus respiratório e usarmos máscaras não iremos, então, os exalar e absorver novamente?
Isso não aumentará a concentração desses vírus nas vias respiratórias e nos pulmões? Essas são perguntas legítimas e baseadas em bom senso, para as quais a resposta sugere que sim.
Não apenas isso, alguns estudos mais recentes aprofundam ainda mais o problema: “Evidence of the COVID-19 virus targeting the CNS: Tissue distribution, host-virus interaction, and proposed neurotropic mechanisms” (Baig A.M et al. ‘ACS Chemical Neuroscience’ 2020;11:7:995-998) e “Nervous system involvement after infection with COVID-19 and other coronaviruses” (Wu Y et al. ‘Brain, Behavior, and Immunity’ 2020, pages 18-22) oferecem evidências assustadoras, as quais apontam para o fato de que os vírus, em certas situações, podem ir para o cérebro pelo nervo olfatório, particularmente para a área do cérebro responsável pelas memórias recentes.
Em resumo, o uso continuado das máscaras “aprisionaria” os vírus nas passagens nasais, de tal forma que eles “viajariam” pelo nervo olfatório até o cérebro. Parece impossível? Então leiam “Spread of a neurotropic murine coronavirus into the CNS via the trigeminal and olfactory nerves” (Perlman S. et al. ‘Virology’ 1989;170:556-560).
A que conclusões chegamos após a leituras desses artigos científicos revisados por pares?
Primeiro, que o uso de máscaras durante essa suposta pandemia não está fundada em ciência, pois simplesmente não há estudos que demonstrem sua eficiência para evitar a propagação do vírus; a obrigatoriedade de seu uso está baseada ou em pretensões políticas sórdidas (causar pânico, terror, caos, violação da liberdade, ...) ou em uma ignorância associada a um sentimentalismo abjeto; além disso, a maioria das pessoas é inclusive assintomática, ou seja, sequer apresenta sintomas da doença, sendo que mesmo pessoas do chamado grupo de risco sobrevivem, de tal forma que o mais sensato seria (como diversos cientistas têm demonstrado, deixar o vírus se espalhar para que se alcance a ‘imunidade de rebanho’;
Em segundo lugar, pelo que podemos depreender de estudos como os citados, não apenas o uso de máscaras é ineficiente para impedir a propagação do vírus: seu uso pode trazer colateralidades graves, eventualmente fatais, para a saúde.
Ou seja, seu uso mandatório é não apenas uma violação da liberdade individual, mas da saúde mesma.
Portanto, se a preocupação de nossos gestores fosse realmente “salvar vidas” se baseando em ciência, eles não apenas fundamentariam decisões como a imposição ditatorial do uso de máscaras, mas trariam para suas decisões posições como aquelas expressas nos artigos (científicos revisados por pares) que citei acima.
No entanto, a ciência tem sido não apenas vilipendiada, mas objeto de censura, uma censura que acusa de “negacionistas” e de “obscurantistas” justamente aqueles que querem um debate mais amplo baseado em dados, fatos e, claro, bom senso.
Concluindo: acima apenas me limitei a trazer algumas das informações encontradas nos artigos referidos, todos expressando pesquisas acadêmicas revisadas por pares.
Agora, pergunto: como simplesmente as ignorar? Como ignorar o fato de que as medidas adotadas contra o coronavírus talvez sejam mais perniciosas do que a suposta pandemia? Se nossos prefeitos e governadores estão embasados em ciência, qual a razão para eles simplesmente ignorarem tais pesquisas?
Em verdade, o fato é que eles talvez não estejam usando a ciência como bússola para suas tomadas de decisões, mas, sim, suas idiossincrasias políticas, um sentimentalismo chulo e, claro, a estupidez.
Enquanto isso as pessoas sofrem .....
PS. Sobre a questão da nocividade das máscaras recomendo fortemente os artigos abaixo, os quais me inspiraram na redação do texto acima:
Carlos Adriano Ferraz - (Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York (SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). Atualmente é professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Filosofia, no qual orienta dissertações e teses com foco em ética, filosofia política e filosofia do direito. Também é membro do movimento Docentes pela Liberdade (DPL), sendo atualmente Diretor do DPL/RS).

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