por J.R Guzzo
Brasileiros com menos de 35 anos de idade já não se lembram mais de uma das diversas cenas deprimentes que faziam parte da nossa vida diária até algum tempo atrás – as célebres, e ao mesmo tempo patéticas, visitas ao Brasil das “missões do FMI”. Era uma coisa triste.
Funcionários do Fundo vinham até aqui, periodicamente, para passar descomposturas nos ministros da Fazenda, presidentes do Banco Central e em outros sultões da ”área econômica”, por não estarem fazendo direito os deveres que deveriam fazer, em sua condição de devedores do organismo internacional. Com educação, é claro – mas eram descomposturas de qualquer jeito.
O Brasil vivia quebrado, por falta de divisas. Por viver quebrado, vivia pedindo dólares emprestados ao FMI e à banqueirada estrangeira. Por viver mendigando empréstimo, tinha de prometer que atenderia a uma porção de exigências dos credores – as infames “Cartas de Intenção”.
Por não cumprir o prometido, enfim, vivia recebendo os burocratas do FMI para ouvir as suas broncas. Era a “crise cambial” permanente – um dos sinais de subdesenvolvimento mais explícitos que um país pode oferecer. Hoje, com US$ 350 bilhões em reservas, o Brasil não pede nada ao FMI. Ao contrário, só paga por sua carteirinha de sócio.
Entra-se no túnel do tempo, assim, quando se vê o noticiário anunciar que a Argentina, em pleno ano de 2020, continua na mesma vidinha de sempre – está de novo às voltas com o FMI, de chapéu na mão, quebrada e dizendo que não tem como pagar, enquanto os peronistas de “centro-esquerda” clamam em defesa da honra e da soberania nacionais. É o triunfo do atraso.
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