por Miranda Sá
“A política é uma praga tal que eu aconselho todos a não se meterem nela” (Thomas Jefferson)
Não vou citar os nomes dos dois participantes do Twitter, com presença constante, me fizeram críticas – bem-educadas e simpáticas, sem dúvida -, sobre a praga que roguei aos capangas da bandidagem de colarinho branco, num dos últimos artigos: “Que paguem as suas consciências imundas no mármore do inferno”…
Escrevi e escreveria de novo, não para constranger as pessoas de boa vontade, cuja percepção acredita ingenuamente que o crime não compensa. Entre esses, os críticos que respondo, destacando um deles que se revelou religioso.
Se for devoto do Menino Jesus de Praga, adianto-lhe que esta imagem nada tem a ver com a minha maldição; apenas recebeu o nome da cidade de Praga, capital da República Tcheca, aonde teve início o seu culto; se for evangélico, que releia na Bíblia as pragas do Egito que o Deus de Israel mandou contra o Faraó através de Moisés, para libertar os judeus.
Estão no Êxodo as ameaças e a execução divina das dez pragas. A última foi a morte dos filhos primogênitos de homens e animais, que ocorrendo matou o filho do próprio Faraó, desesperando-o e convencendo-o a deixar livres os hebreus.
A palavra Praga, dicionarizada, é um substantivo feminino de origem latina (plaga), com referências a doenças que produzem chagas como o sarampo e a lepra, e/ou o ato de lançar uma maldição a alguém. A sua sinonímia vai de calamidade à imprecação e maldição.
O amaldiçoar é encontrado comumente na literatura. Quando eu era jovem e me metia a fazer teatro, escrevi um jogral baseado no poema “Maldição”, de Adalgiza Nery, que até hoje sei de cor. Um dos versos traz uma praga espetacular: “Quando olhares o teu neto/ Que vejas no seu rosto/ Os traços de minha face”.
Incorporando os orixás, pais e mães-de-santo do Candomblé e da Umbanda, nos rituais de “fechar o corpo” enfrentam as pragas; e o povo na sua sabedoria usa o ditado “praga de urubu não pega em cavalo novo”.
A gíria brasileira tem na palavra “praga” a designação de pessoas más, e fala da praga como um desejo de que tudo dê errado… Dicionários de Gíria acumulam referências como “praga de mãe”, “praga de madrinha” e “praga de sogra”.
O genial compositor Geraldo Pereira no seu samba “Escurinho” gravou o seguinte verso: “O escurinho era um escuro direitinho/ Que agora anda com mania de brigão/ Parece praga de madrinha ou macumba/ De alguma escurinha que ele fez ingratidão”
Vejam. Se a Bíblia registra pragas do Deus de Israel, a poesia consagra-as como vingança e o samba acredita nelas, quem sou eu para evitar um desabafo contra a bandidagem que assola o País?
O pensador democrata e ex-presidente dos Estados Unidos Thomas Jefferson, epigrafado, aconselha para gente não se meter em política que considera uma praga; mas eu, que tenho o corpo fechado, amaldiçoo os picaretas do Congresso que nos assaltam com os desgraçados fundos partidário e eleitoral.
Também rogo pragas ao politicamente correto, essa perversa invenção ideológica contra a liberdade de pensamento, instigando o divisionismo social, exaltando o vitimismo e a reação violenta das minorias.
Encontrei nas páginas do doutor Google, um pensamento de Leandro Flores: “A maior praga de todos os tempos chama-se corrupção”; e Xico Graziano alerta que “A praga da desinformação na imprensa está correndo solta”.
Se os corruptos lançam pragas contra nós, porque não podemos usá-la contra eles?
extraídaderota2014blogspot
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