Jornalista Andrade Junior

domingo, 5 de maio de 2019

Janaína: jeito e força no conflito Mourão x Carlos Bolsonaro,

 por Vitor Hugo Soares

      foto Andrade Junior
A professora da USP e advogada especializada em Direito Penal, Janaína Paschoal, – deputada estadual eleita com mais de dois milhões de votos, para a Assembléia Legislativa de São Paulo – não cessa de surpreender, principalmente quando critica descaminhos de opositores, ou produz análises e autocríticas sobre seu próprio papel e a atuação de seus parceiros governistas. Esta semana, ao falar (em entrevista ao jornal Valor Econômico) sobre os riscos da expansão do explosivo choque de egos, e de poder, entre o enigmático vice presidente Hamilton Mourão e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, referencial escudeiro do pai, no centro nevrálgico do mando atual), ela mostrou porque faz jus a cada toque de seus eleitores na t ecla “Confirmar”, na máquina eletrônica da Justiça Eleitoral no Brasil, conquistando seu mandato parlamentar de forma tão expressiva.
Ao responder à repórter Cristiane Agostine, e opinar sobre o assunto difícil e escorregadio, em cujas cascas de bananas, muitos derrapam (incluindo jornalistas), Janaina escolheu os melhores e mais convincentes caminhos: informações relevantes, isenção partidária, brilho intelectual e fala candente e articulado, cravejada de bom senso e bom humor, sem abandonar a firmeza de caráter e de princípios. Além disso, para este jornalista que vem de longe, a parlamentar deixou claro que a política brasileira já conseguiu preencher o vazio de uma de suas mais antigas e melhores tradições. A de ter um líder regional com fala, visão e perspectiva nacional. À moda de Leonel Brizola, Carlos Lacerda e Miguel Arraes, para citar três exemplos emblemáticos que me ocorrem.
É admirável, em todo transcorrer da entrevista, a percepção individual e política da parlamentar paulista, de que “jeito também é força”, como ensinava Ulysses Guimarães: Se vence obstáculos e antagonismos, é força. Suave na maneira, firme na coisa, no dizer do ditado romano. A toupeira quando encontra uma pedra em seu caminho, não podendo escalá-la, não tem jeito para contorná-la. Morre ao sol, à fome ou à sanha dos inimigos.
Janaína enxerga em perspectiva (algo cada dia mais raro entre políticos e governantes brasileiros, já dizia Brizola em seu exílio no Uruguai), e alerta na entrevista: “Mourão é muito inteligente. Ele está percebendo que Carlos Bolsonaro está em uma situação emocional que precisa ser compreendida. Não está bem, tem reações exacerbadas. Eduardo Bolsonaro dá respaldo para proteger o irmão, que fica na mira. Eles não vão mudar, é a dinâmica da família. Não tem jeito. Os quatro anos vão ser assim. A gente é que vai ter que se a costumar. Mas não consigo ver nada por parte do vice que enseje tanta preocupação”. Na mosca!
Merece destaque outro aspecto relevante desta conversa jornalística da deputada mais votada do Brasil: o bom humor de dar inveja em tempo de tantas mágoas, ódios, agressões e revides de todo lado, no jogo de poder em andamento. A começar pela resposta sobre se está arrependida de não ter aceitado disputar o posto de vice na chapa do atual presidente: “Agradeço a Deus por não ter aceitado ser vice de Bolsonaro. Quem estaria no inferno que está o Mourão seria eu. Acha que estariam felizes comigo? Tenho certeza de que não… Tenho pena do Mourão, coitado! “
A arte da boa e relevante conversa ainda respira e resiste no jornalismo brasileiro. Viva a entrevistada, a entrevistadora e o jornal.
Vitor Hugo Soares é jornalista

Com Blog do Noblat, Veja





































extraídaderota2014blogspot

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