Alex Pipkin, PhD
Estamos entrando no último mês do ano. Por isso mesmo, impõe-se a pergunta que assombra qualquer brasileiro não contaminado pelo delírio oficial: o que esperar — ou, falando com franqueza, o que realmente nos aguarda — em 2026?
Se o país fosse guiado por racionalidade, responsabilidade e mínima seriedade institucional, todas as energias políticas estariam orientadas para um único objetivo civilizatório: crescimento econômico. Nada substitui esse eixo. Crescimento é o fundamento da prosperidade, da liberdade, da redução da pobreza, da dignidade nacional e de qualquer chance real de rompermos com a nossa tradição de promessas populistas e entregas medíocres.
Mas, como já sabemos, o crescimento é precisamente o que menos se deseja, o que menos se planeja e o que mais se sabota na terra do pau Brasil.
O que se anuncia é trivial, meu caro Watson! Mais do mesmo; populismo, mais fantasia progressista, mais pensamento mágico travestido de política pública. A velha crença de que o Tesouro é uma árvore generosa de onde caem cédulas ao sabor das vontades do governante. No mundo real, esse palco que os sacerdotes da “justiça social” frequentam apenas para selfies, a fatura virá em mais tributação, em mais e mais impostos. Não para recuperar estatais arrombadas, mas para irrigar novas fontes de corrupção, financiar militâncias identitárias e manter o país dividido sob o eterno manto vermelho da “inclusão”.
Aqui, permito-me repetir o óbvio ululante, porque neste país, dizer o óbvio tornou-se quase um ato de coragem, hercúleo. O Brasil precisa urgentemente de crescimento econômico. O caminho não é um segredo de principiantes. Reduzir a carga tributária escorchante, amputar a burocracia que sufoca quem produz, simplificar normas, proteger a propriedade privada, abrir o comércio, investir em infraestrutura e qualificar trabalhadores. Acima de tudo, impor disciplina fiscal, a regra de ouro sem a qual tudo se dissolve em contabilidade criativa, irresponsabilidade política e promessas fantasiosas.
Mas o populismo progressista, fiel à própria lógica ilógica, trata de corroer cada item desse receituário elementar. O resultado é um ambiente de negócios caro, hostil, imprevisível e incapaz de gerar crescimento sustentável.
O autoproclamado “governo da união e da reconstrução” não realizou nenhuma reforma estrutural digna de nota. Preferiu elevar custos ao setor produtivo, impor aumentos populistas ao já incompreendido salário mínimo, multiplicar gastos assistencialistas e relançar um PAC de número incerto, perfeito nas planilhas rubras, invisível na vida concreta.
Portanto, é preciso se preparar. Da iguaria dos pés de galinha asiáticos, já disputados, restarão apenas ossos para a sopa. Novos impostos “da bondade” brotam e crescerão como pragas tropicais para sustentar o grande teatro lulopetista, essa opereta de inclusão cosmética e diversidade de cartaz. Quando faltar caixa — e faltará — imprime-se papel, repassa-se a conta e culpa-se o brasileiro “bonzinho” por não pagar com o entusiasmo exigido pela encenação lulopetista.
Mas 2026 será um ano pedagógico, claro, no pior sentido possível. Assistiremos ao desfile coreografado de mentiras. Thomas Sowell já diagnosticou a essência do momento: “quando as pessoas querem o impossível, apenas os mentirosos podem satisfazê-las”. E mentirosos, no Brasil, jamais foram escassos.
O lulopetismo não reduzirá o paraíso assistencialista, não enxugará o Estado hipertrofiado, não fará reformas estruturais. Reformas verdadeiras custam capital político, e nada pode interferir no projeto de poder, no compadrio, no aparelhamento e no atraso ideológico tingido de vermelho, com retoques verde-amarelos para consumo eleitoral.
O país precisa de crescimento. O governo precisa de dependência. Entre essas duas agendas, sabemos qual prevalece — e por quê. E é exatamente por isso que 2026 não será um ano de revelações, mas de funestas confirmações.
Quando o país renuncia ao crescimento, a história não perdoa, apenas cobra, com juros, correção e vergonha nacional.
publicadaemhttps://www.puggina.org/outros-autores-artigo/2026:-o-grande-desengano__18580





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