RIO DE JANEIRO - Há três semanas, 8.000 mulheres confirmaram pelo Facebook sua presença num "toplessaço" em Ipanema, pela liberdade de ir à praia sem a parte de cima do biquíni --"como é normal na França e em Portugal", disse uma delas. A mídia mandou 200 jornalistas para o Posto 9 --seria a maior exposição de seios no Brasil desde 1500. Mas apenas três ou quatro ativistas compareceram e tiraram o sutiã.
Uma coisa é ostentar ousadias por um veículo ectoplásmico. Outra é desafiar ao vivo os próprios limites. E talvez o fiasco do evento não se deva ao conservadorismo da sociedade, como se disse, mas a alguma censura interna das próprias mulheres.
Afinal, este é o país cujas praias são um festival de glúteos sem paralelo no mundo --em todos os sentidos. Em nenhum outro os biquínis são fabricados para expor tanto as nádegas. Meninas, adolescentes, jovens adultas, mães de família e até avós os usam, sem provocar qualquer comoção. Tanto que o comentário da eterna vedete Carmen Verônica, "No meu tempo enfiava-se a bunda na calcinha; hoje, enfia-se a calcinha na bunda", foi só técnico, sem conotação moral.
Não se veem calcinhas tão micro nas praias de outros países --a mulher europeia mostra os seios com naturalidade, mas é recatada do cóccix para baixo. As próprias sungas masculinas brasileiras, de tão mínimas, são consideradas "inadequadas" na Califórnia e na Flórida. Então ficamos assim: alguns países não querem ver seios na praia; outros, não querem ver bundas.
Se os seios fossem uma parte tão inocente da anatomia, o grupo feminista internacional Femen não os usaria como arma política e de guerrilha, expondo-os de forma agressiva e antierótica. Como quem diz aos homens: "Estes vocês não vão ter, seus machistas!". Pena, porque algumas daquelas moças são --com todo o respeito-- uns chuchus.
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