Percival Puggina
Nos seis anos durante os quais o PT ficou na oposição, sua estratégia foi muito simples e altamente produtiva. A Lava Jato dera proporções bilionárias ao abalo moral antes causado pelo mensalão e a imagem do partido ficara em frangalhos. Qual a coisa certa a fazer, durante um inesperado governo que unira conservadores e liberais? A coisa certa era tirar o partido dos holofotes e deixar a oposição parlamentar por conta dos pequenos parceiros (Rede, PCdoB e PSOL), terceirizando o trabalho oposicionista mais visível ao combo STF/TSE com total cobertura da velha imprensa.
Os parlamentares mais aguerridos do PT recolheram-se a uma discrição inusitada. Como no dito popular, o partido se fazia de morto para ganhar sapato novo. Quando o governo Bolsonaro se instalou, em 2019, foi recebido por um Supremo já com faca nos dentes. Os dois adversários mais evidentes? O presidente, do qual a Corte se sentia obrigada a “proteger” a nação, e as emergentes redes sociais, sem as quais a campanha dele sequer teria acontecido por falta de meios.
As aparições públicas das lideranças petistas ocorriam quando alguma bem estudada narrativa podia repercutir fora do país. Nessas ocasiões, bastava um estalar de dedos para que a mídia camarada atendesse ao chamado: Le Monde Diplomatique, The Guardian, The New York Times e El País, entre outros.
Por isso, num cenário de tanta adversidade, vejo como coisas certas a serem feitas no futuro imediato, a multiplicação dos núcleos conservadores em todo o país e a estratégia de comunicação internacional sobre o estado de exceção instalado no Brasil. Esse foi o intuito da comitiva que representando 52 congressistas brasileiros levaram ao embaixador Sérgio França Danese a denúncia de violação de direitos humanos dos presos no dia 8 de janeiro.
Nas 50 páginas do documento, os parlamentares apontam:
- a não individualização de conduta dos presos;
- o cerceamento dos advogados aos autos do processo;
- a incompetência do Supremo Tribunal Federal (STF) para o julgar o caso, pois os envolvidos não possuem prerrogativa de foro;
- a total falta de imparcialidade por parte do ministro Alexandre de Moraes na análise dos fatos, bem como dos demais integrantes do STF.
Na sequência dos procedimentos, essa denúncia será protocolada na Comissão de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, na Suíça.
publicadaemhttps://www.puggina.org/artigo/a-coisa-certa__17842
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