Luan Sperandio
Todo medicamento passa por um longo período de testes científicos até ser comprovada sua eficácia e segurança para o uso humano.
Contudo, há um recorte de medicamentos que são mais invasivos e outros que são considerados mais simples e, portanto, sua comercialização é facilitada, sem necessidade de apresentação de receita médica.
Esses remédios, denominados Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), podem ser comprados livremente em farmácias e são comuns no tratamento de dores de cabeça, azia ou má digestão, resfriados leves, além de suplementos alimentares e vitaminas.
Justamente por serem considerados mais simples e seguros, é comum em diversos países a comercialização de MIPs ser feita em supermercados, varejo em geral e até em máquinas de autoatendimento em avenidas. No Brasil, porém, eles compõem uma reserva de mercado de farmácias e drogarias, dificultando o acesso da população em geral.
Apesar de em centros urbanos ser muito comum haver esse tipo de comércio, há cerca de mil municípios do país que não possuem farmácias, prejudicando o acesso da população a medicamentos simples.
Além disso, como toda reserva de mercado, há uma restrição na oferta do produto, o que tende a aumentar seu preço. Em meados dos anos 1990, houve um período em que a venda dos MIPs foi permitida pelo comércio em geral, e um levantamento da ACNielsen apontou queda média de preços de 35%, por exemplo.
Dessa forma, há um conjunto de evidências de que o uso dos MIPs traz maior concorrência na comercialização e menores preços, o que beneficia os consumidores, além de naturalmente trazer melhor qualidade de vida a quem consome produtos de caráter preventivo, como vitaminas e suplementos.
Diante disso, fica difícil sustentar o porquê de um brasileiro não poder comprar uma aspirina no supermercado — exceto se a resposta for haver um grande lobby em prol de reservas de mercado no país, é claro.
publicaaemhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/precisamos-falar-sobre-a-reserva-de-mercado-de-remedios/
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