por Rodrigo Constantino
Davos é o ambiente dos elitistas, dos ungidos, dos arrogantes que clamam por mais poder e dinheiro
Não há absolutamente nada de errado em ser elite. A tropa de elite não tem esse nome por acaso e não se configura pelo recrutamento dos piores soldados. A elite financeira teve sucesso por criar valor ao mercado, se a riqueza foi obtida de forma honesta. A elite intelectual se destacou por méritos próprios em suas respectivas áreas. Ser da elite, enfim, não é demérito algum ou motivo para se sentir envergonhado ou culpado, como querem as esquerdas oportunistas.
Mas há uma diferença entre elite e elitista. O elitista é a elite que pensa que, por ser elite, merece governar os outros, mandar no mundo. O elitista se julga um ungido, alguém melhor do que os reles mortais. O elitista se sente tocado por um chamado arrogante, e enxerga nos demais seus instrumentos para ser esse guia. Davos é o ambiente dos elitistas, dos ungidos, dos arrogantes. E eles nem tentam esconder isso…
John Kerry, o secretário de Meio Ambiente dos Estados Unidos, colocou nesses termos: aquela elite foi “tocada” por um chamado supostamente abnegado, de “salvar o planeta”. Vale lembrar que Kerry só é elite pois foi “tocado” pela fortuna de sua esposa, já que ele nunca produziu nada de valor no mundo. Desde então ele entrou para a política, perdeu uma eleição presidencial, e foi recompensado agora com o cargo que ocupa, que consiste basicamente em rodar o mundo em jatos para pedir menos emissão de carbono.
A elite arrogante e autoritária de Davos aponta para problemas existentes no mundo e clama por mais poder e controle para solucioná-los, como se não tivesse qualquer culpa no cartório. Ora, essa turma já tem imenso poder faz tempo, então esses problemas — que só crescem — devem ter ligação direta com a própria elite no comando, não?
Após a confissão arrogante de que ele e seus pares em Davos precisam “salvar o planeta”, Kerry ofereceu a solução, o caminho: “dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro”. Mas não pensem que ele, ao repetir a palavra tantas vezes, coçou imediatamente o próprio bolso e fez um cheque gordo. Nada disso! Quando essa elite arrogante fala em gastar mais e mais dinheiro, ela sempre tem em mente o seu dinheiro, caro leitor, nunca o deles. É muito fácil sinalizar virtude com o esforço alheio, e é exatamente isso que a turma de Davos faz.
Outra participante do fórum, quando perguntada sobre o que fazer para “salvar o planeta”, foi bem sucinta na resposta: “Não ter mais desenvolvimento, zerar o crescimento. Menos é mais, vou deixar por aqui”. Ela disse isso em frente a bilionários com iates e jatinhos particulares, para aplausos dos hipócritas presentes. O globalismo é fofo, pois prega para os outros aquilo que não coloca em prática para essa mesma elite.
No fundo, tudo ali é sobre poder e controle. Essa elite ungida quer controlar cada detalhe de nossas vidas, e não apenas nossas contas bancárias. Eles querem impor sua visão “progressista” da cultura, ou seja, querem que sigamos as diretrizes morais de gente normalmente com famílias disfuncionais. Eles querem também monopolizar a fala em nome da ciência, e com base nisso censurar os outros e impor medidas drásticas e autoritárias de “saúde”, como vimos na pandemia.
É uma seita “religiosa”, com profetas, “santos” e “mártires”. Como o caso da “heroína” Greta Thunberg. Não sendo mais uma adolescente, a “garota” perde a blindagem de antes e agora pode ser exposta pelo que é: uma mimada que acha que os adultos devem tudo a ela. Greta foi “presa” na Alemanha, ao protestar numa perigosa mina de carvão. Foi tudo pateticamente ensaiado e encenado, com as câmeras da TV pegando o momento em que dois policiais a carregavam para fora do local. Ela ria enquanto ajustavam os atores.
Parece o único momento alegre dessa pobre-coitada, sempre tão raivosa ao apontar dedos e questionar: “Como ousam?!”. Chega a ser comovente imaginar que Greta só se sente feliz nos braços da polícia, ainda que numa evidente farsa. Para ser herói é preciso sacrifício verdadeiro por uma causa real. Greta nunca sacrificou nada, e sua causa é uma ideologia equivocada, que produz apenas miséria quando imposta aos demais. O ambientalismo empobrece quem não pode se dar ao luxo de viver da sensação de altruísmo só por repetir palavras de impacto.
A elite arrogante e autoritária de Davos aponta para problemas existentes no mundo e clama por mais poder e controle para solucioná-los, como se não tivesse qualquer culpa no cartório. Ora, essa turma já tem imenso poder faz tempo, então esses problemas — que só crescem — devem ter ligação direta com a própria elite no comando, não? Teve um palestrante, por exemplo, que chamou a atenção para o aumento da angústia dos jovens com o futuro, como se não fosse exatamente a histeria ambientalista que tivesse produzido essa angústia toda!
A esquerda sempre funcionou assim: defende uma medida para solucionar determinado problema, e, quando o problema aumenta, reclama que faltaram verba e poder para endereçar melhor o problema. É o esquema perpétuo de avanço do Estado e do poder dessa elite arrogante, que nunca consegue entregar bons resultados. O fracasso é recompensado, em suma. E eles nunca olham para o espelho para encontrar os culpados dos males que identificam. Uma elite humilde, com a consciência mais realista de seu papel na sociedade, jamais agiria assim. O risco é a elite que se julga detentora de um direito messiânico de “cuidar” dos outros ou do planeta, e quer fazer isso à força, sem o consentimento dos governados, que seriam estúpidos demais para compreender tudo.
Revista Oeste
publicadaemhttp://rota2014.blogspot.com/2023/01/a-essencia-elitista-de-davos-por.html
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