Jornalista Andrade Junior

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

A oportunidade de um Senado mais independente

 Gazeta do Povo


Nesta quarta-feira (1 Âș), o Congresso Nacional darĂĄ inĂ­cio a uma nova legislatura, com a posse dos 513 deputados federais e 27 senadores eleitos em 2022, e, na sequĂȘncia, a eleição dos presidentes do Senado e da CĂąmara dos Deputados. Diante da realidade brasileira, marcada pela grande polarização polĂ­tica, falta de confiança nas instituiçÔes, e da crise institucional alimentada pelo ativismo judicial, a atuação do Legislativo terĂĄ um papel decisivo. E um dos primeiros passos que definirĂĄ como se darĂĄ o trabalho do Congresso serĂĄ a escolha dos presidentes das duas casas.

Na CĂąmara dos Deputados nĂŁo deve haver surpresas e a perspectiva Ă© a de que Arthur Lira (PP-AL) mantenha-se como presidente. Ele Ă© o favorito na disputa pela PresidĂȘncia da CĂąmara dos Deputados com o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) – aliados dizem que Lira pode vencer a disputa com atĂ© 90% dos votos dos 513 deputados. Considerado um bom articulador polĂ­tico, ele conseguiu transitar pelo governo de Jair Bolsonaro e tambĂ©m pelo inĂ­cio do governo Lula.


O paĂ­s precisa de um presidente do Senado com personalidade e firmeza, que jamais considere aceitĂĄveis os excessos do JudiciĂĄrio.


JĂĄ no Senado, a situação ainda Ă© indefinida. A disputa deve ficar entre o atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e RogĂ©rio Marinho (PL-RN), ex-ministro de Desenvolvimento Regional no governo de Jair Bolsonaro. O senador Eduardo GirĂŁo (Podemos-CE) tambĂ©m protocolou sua candidatura, mas nĂŁo Ă© considerado um candidato com chances de vencer a disputa, o que Ă© uma pena, tendo em vista que GirĂŁo sempre mostrou posicionamentos bem definidos em relação a temas como a defesa da vida e a independĂȘncia entre os TrĂȘs Poderes.

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado desde 2021, tem o apoio dos partidos da base de Lula e dos senadores lulistas, como Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Se eleito, deverå ser um apoiador importante do governo petista no Senado, onde a maioria dos parlamentares (55,5%) pertence a partidos mais conservadores. Com a eleição de Pacheco, projetos do Executivo poderão ter a tramitação facilitada, enquanto pautas contrårias aos interesses de Lula poderão ser engavetados. Com Pacheco no Senado, o governo petista serå fortalecido e terå mais liberdade para agir.


Com Marinho, o Senado estaria mais perto de representar o resultado das urnas, que evidenciou que a população deseja parlamentares mais alinhados a princípios conservadores.


Pacheco tambĂ©m nĂŁo deu mostras de reconhecer a existĂȘncia de abusos por parte do JudiciĂĄrio e conta com o apoio informal de Alexandre de Moraes – o ministro jĂĄ teria deixando claro que prefere Pacheco na PresidĂȘncia do Senado. Se vencer a disputa, Ă© provĂĄvel que uma CPI para analisar os possĂ­veis excessos cometidos pelo JudiciĂĄrio encontre mais dificuldade para ser instalada. E sabemos o quanto seria importante essa discussĂŁo. Hoje, boa parte da crise institucional vivida pelo paĂ­s Ă© alimentada pelas decisĂ”es equivocadas da Justiça – os casos de censura ou perseguição indevida por expressĂŁo de opiniĂŁo, por exemplo –, e pela interferĂȘncia indevida da Justiça nos outros poderes.

JĂĄ a eleição de RogĂ©rio Marinho poderia ser um contraponto importante, representando a possibilidade de um Senado menos subserviente Ă s decisĂ”es do JudiciĂĄrio e das propostas do Executivo, trazendo mais equilĂ­brio ao cenĂĄrio polĂ­tico. Lembremos que as eleiçÔes de 2022 foram marcadas pela alta polarização, com os votantes divididos entre Lula, que venceu as eleiçÔes presidenciais por uma diferença mĂ­nima de votos, mas viu sua bancada de parlamentares despencar e se tornar minoria; e Bolsonaro, que mesmo perdendo elegeu a maior bancada, tanto na CĂąmara quando no Senado. Com Marinho, o Senado estaria mais perto de representar o resultado das urnas, que evidenciou que a população deseja parlamentares – e por extensĂŁo um Congresso Nacional – mais alinhados a princĂ­pios conservadores.

Considerando que em menos de um mĂȘs no poder Lula jĂĄ começou uma guinada Ă  esquerda – basta lembrar que em poucos dias de mandato o petista jĂĄ promoveu o afrouxamento das regras que regem o aborto e restabeleceu relaçÔes diplomĂĄticas com ditaduras esquerdistas, como a Venezuela – serĂĄ muito importante contar com uma oposição forte e articulada.

Isso significa uma oposição que possa atuar de forma equilibrada, pautada pelos interesses do paĂ­s e nĂŁo pela crĂ­tica destrutiva como vimos quando a esquerda era a oposição, e que tampouco seja omissa em se posicionar com independĂȘncia. Nesse sentido, a escolha do presidente do Senado – na CĂąmara, como dissemos, a PresidĂȘncia deve permanecer com Arthur Lira –, Ă© o ponto de partida e o senador RogĂ©rio Marinho nos parece a melhor escolha. O paĂ­s precisa de um presidente do Senado com personalidade e firmeza, que jamais considere aceitĂĄveis os excessos do JudiciĂĄrio e nem seja subserviente a interesses alheios aos do paĂ­s.












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