Saiba como se proteger e o que fazer caso se torne uma vítima desses crimes
Letícia Iervolino, Revista Oeste
Atire a primeira pedra quem nunca conheceu alguém que já caiu em algum golpe virtual. Graças à popularização da internet nos domicílios brasileiros, se tornar uma vítima desse tipo de crime não é mais tão incomum assim: de acordo com um levantamento da Serasa Experian, a cada oito segundos uma pessoa no país sofre uma tentativa de fraude.
Mais de 59 milhões de residências são atendidas com rede banda larga no Brasil. O que levou a um aprimoramento nas técnicas para atrair e enganar os brasileiros.
“É possível perceber que ocorreu um aumento do grau de sofisticação desses golpes”, afirma Ricardo Calfat, representante da BioCatch no Brasil, empresa de biometria comportamental que traz soluções para clientes se protegerem contra fraudes na internet. “E quanto mais os bancos tentam proteger, mais a criatividade dos criminosos cresce”, continua.
Os cyber criminosos — nome atribuído aos golpistas que recorrem às redes de conexão online — podem causar sérios problemas na vida financeira e pessoal da vítima. Apenas em 2021, foram registradas mais de 4 milhões de movimentações suspeitas no Brasil, segundo informações do Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa.
Nesta nova realidade, o sentimento de medo constante invadiu a vida dos brasileiros. Com isso, dúvidas sobre como as fraudes na internet funcionam, o que fazer caso sofra uma tentativa de golpe e como melhorar a proteção dos dados pessoais começaram a surgir.
Confira abaixo às respostas para esses questionamentos.
5 GOLPES MAIS COMUNS
1) Golpe via páginas falsas
De acordo com uma pesquisa da Avast, empresa de segurança na internet, esse golpe é utilizado para roubar dados pessoais por meio da instalação de um malware — espécie de software malicioso — nos dispositivos das vítimas. Cerca de 71% desses crimes são feitos via e-mail.
“A pessoa clica em um site suspeito e é direcionada para uma página que não é a esperada”, explica Ricardo Calfat. “A vítima acaba preenchendo a página com dados importantes e o criminoso se apropria dessas informações.”
O especialista sugere que, na dúvida, é melhor não clicar nos links. “Muitas vezes essas mensagens possuem erros de português, ou o final da URL, que é o endereço da pesquisa, não tem nada a ver com a página que a vítima clicaria”, afirma.
2) Golpe do WhatsApp
Segundo Ricardo Calfat, os golpes pelo WhatsApp são bastante comuns no Brasil, o segundo país no mundo com usuários do aplicativo de mensagens. Aproximadamente 91% dos smartphones brasileiros possuem o recurso instalado no aparelho.
Nesse caso, os bandidos se passam por uma pessoa conhecida da vítima. Eles escolhem uma foto de perfil para passar credibilidade, que pode ter sido retirada nas redes sociais de um parente ou amigo que teve o WhatsApp clonado. Em seguida, os criminosos pedem uma transferência bancária de urgência.
“Desconfie de tudo”, recomenda Ricardo Calfat. “Os brasileiros são vítimas desse sistema de golpes porque existe ainda no país uma forte tendência a acreditar no próximo”, continua o especialista, que ainda afirma que as pessoas têm uma tendência de confiar em informações escritas, o que acaba facilitando o trabalho dos bandidos.
A dica para não cair neste golpe é desconfiar de mensagens diferentes do que está acostumado a trocar com a pessoa que teve o WhatsApp clonado. Outra forma de se manter seguro é entrar em contato com a conhecida, pelo número anterior, sem ser o que está vinculado à foto nova.
3) Golpe do presente
Esta modalidade é, literalmente, uma surpresa entregue na casa da vítima. Neste tipo de crime, a pessoa recebe um presente inesperado, e o criminoso que enviou a “lembrança” para a residência do alvo alegam que precisa tirar uma foto para “confirmar” o recebimento do produto, além de pedir os dados pessoais.
“Na verdade, o bandido está no aplicativo de um banco e tira essa foto para abrir uma conta com a biometria facial da pessoa”, explica Ricardo. A recomendação é nunca fornecer dados pessoais ou autorizar fotografias no recebimento de entregas não programadas.
4) Golpe da engenharia social
Conhecido também como Phishing, esse golpe ocorre quando o indivíduo convence alguém de fornecer seus dados pessoais. Os criminosos costumam se passar por marcas famosas para atrair o consumidor por meio de anúncios falsos de “descontos imperdíveis”. Dessa forma, eles conseguem enganar a vítima, que insere dados de cartão de crédito no site malicioso.
“Outra manifestação da engenharia social é quando alguém liga para uma pessoa e convence ela de que a sua conta está comprometida. Então o bandido faz a própria vítima realizar a transação”, informa Ricardo. “Manipulado, o indivíduo acaba mandando o dinheiro para outra conta, a qual ela acredita ser segura. Mas foi o criminoso que o induziu a fazer aquilo.”
A engenharia social pode ser enquadrada como crime cibernético, segundo a Lei 12.737/2012. Uma forma de se proteger é utilizando antivírus, que irão detectar sites não seguros na sua máquina. Caso não tenha um programa desses instalado, é importante conferir se há um cadeado ao lado do endereço, indicando que o site é protegido e, portanto, confiável.
5) Golpe da compra falsa
Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, golpes de compras falsas foram responsáveis por 32% das fraudes no comércio eletrônico em 2021.
Nesse caso, os golpistas enviam um comprovante de depósito “falso” para as vítimas que estão vendendo um produto em sites como OLX e Mercado Livre. Porém, o valor nunca foi depositado. Enganado, o vendedor acaba despachando a mercadoria para o bandido, enquanto este deixa de responder as mensagens.
A recomendação para os lojistas que anunciam seus produtos em sites de compra e venda é confirmar se o pagamento já está aprovado antes de enviar as mercadorias.
O QUE FAZER QUANDO SE TORNAR UMA VÍTIMA?
- A primeira recomendação é procurar uma delegacia para fazer um Boletim de Ocorrência
- Em seguida, bloqueie cartões de crédito e débito e demais serviços financeiros que podem ter vazado na internet
- Informe o seu banco sobre o golpe para que eles fiquem atentos à movimentações suspeitas em seu nome
- Troque todas as senhas
- Avise os parentes e amigos, para que eles não caiam em golpes que utilizam as suas informações pessoais
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