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Grandes transformações levam tempo, enfrentam diversos obstáculos pelo caminho — em geral, a pressão daqueles que perderão os privilégios durante o processo — e exigem profunda determinação de quem as conduz. Isso vale para pessoas, empresas e, em uma escala gigantesca, para um país. Mudar as bases sobre as quais uma nação está construída é o mais complexo desafio que um administrador pode ter.
Tome-se como exemplo o caso brasileiro.
Depois de quase catorze anos de gestão petista, calcada no terraplanismo econômico dos campeões nacionais e do “Estado pode tudo”, as contas públicas entraram em colapso e a máquina governamental ficou ainda mais inchada e ineficiente. Resultado: “nunca antes na história deste país” — para usar justamente o bordão do líder maior do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — houve recessão de tal modo expressiva.
De forma corajosa, o breve governo de Michel Temer começou a atacar o problema. Mas suas aventuras, por assim dizer, antes do mandato e certas conversas impróprias no escurinho do Palácio da Alvorada acabaram abortando a recuperação. Veio a eleição de Jair Bolsonaro e as fichas de uma retomada foram colocadas no seu apelidado Posto Ipiranga, o ministro Paulo Guedes, da Economia.
Não foi uma aposta em vão. Em meio a tantas turbulências desnecessárias provocadas pelo Planalto — e, na desastrada menção ao AI-5, pelo próprio Guedes —, muitas vezes é difícil enxergar os avanços que estão ocorrendo no Brasil de hoje.
Alguns são visíveis e começarão a surtir efeito nos próximos anos, a exemplo da reforma da Previdência, aprovada pelo Congresso em outubro. No entanto, sem alarde, existem vários outros projetos em andamento que deixarão o governo mais eficiente e poderão ajudar no crescimento do país. Muitos são ajustes infraconstitucionais, que precisam apenas da competência da equipe econômica para que passem a vigorar.
Entre alguns deles, a reportagem que se inicia na página 56 detalha o plano de digitalização da administração federal. De acordo com Paulo Guedes, cerca de um terço dos funcionários públicos federais está a caminho da aposentadoria nos próximos quatro anos.
Com a ajuda da tecnologia, a ideia é não substituí-los.
Se de fato forem implementadas, essas discretas mudanças vão provocar uma notável revolução do Estado brasileiro.
Quando Ronald Reagan chegou à Presidência dos Estados Unidos, na década de 80, a nação enfrentava um momento semelhante ao nosso. Além do alto preço nos combustíveis, o quadro combinava estagnação econômica com taxas de desemprego preocupantes.
Na Casa Branca, Reagan assumiu um compromisso: destravar o potencial de crescimento do país. Seu primeiro ato foi tirar o controle estatal sobre os preços dos combustíveis. Em um ano, o preço da gasolina caiu pela metade. Em seguida, o presidente americano iniciou uma reforma fiscal e administrativa que reduziu os gastos públicos até então crescentes.
Deu certo.
No último ano de governo, os EUA tiveram uma expansão no PIB de 4,2%, contra uma queda de 0,2% no ano anterior à posse do republicano.
Na ocasião, o conjunto de medidas ficou conhecido como Reaganomics. Espera-se que, mesmo com a oposição das corporações e dos desvarios de Bolsonaro e de seus ministros olavistas, Guedes consiga impulsionar a sua agenda de transformação.
O Brasil e os brasileiros podem ganhar muito com isso.
extráidaderota2014blogspot
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