CORREIO BRAZILIENSE -
As declarações do
presidente Obama sobre o consumo de maconha chamam a atenção pela
franqueza como o mandatário da nação mais poderosa do mundo - e maior
mercado consumidor de drogas - trata de um assunto delicado. Consumidor
frequente no período em que morou no Havaí, Obama disse à revista New
Yorker que não considera a maconha mais perigosa do que o álcool ou o
tabaco. O maior problema, na avaliação de Obama, é o tratamento social
diferenciado a quem fuma a droga. "Jovens de classe média não são presos
por fumar maconha, mas os pobres, sim." Nem mesmo os Estados Unidos,
onde prosperam iniciativas pela liberalização da cannabis, conseguiram
um ponto ideal para o fenômeno das drogas. O ponto de vista de Obama
constitui um avanço, pois demonstra opinião mais bem resolvida em tema
marcado como tabu. Basta lembrar a notória frase de Bill Clinton, que
"fumou, mas não tragou".
Bill Clinton se junta a outro ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso, no movimento que atesta o fracasso da política de repressão contra as drogas. Governos gastam fortunas para combater o tráfico, mas não há sinal de que o consumo seja refreado. No Brasil, o tráfico é o segundo crime que mais leva brasileiros ao inferno das prisões - só perde para roubo. A legislação modernizou-se em 2010, ao estabelecer a distinção entre usuário e traficante, com prisão somente para este último. Note-se que a mudança ocorre apenas no âmbito penal. Não há em evidência de debate ou mobilização que projete como seria a sociedade brasileira com o consumo legalizado de drogas.
Sobre o ponto de vista abordado por Obama, vale atentar para cigarro e álcool. Sabe-se que o consumo de bebida alcoólica tem efeito trágico no trânsito - a ponto que se tornou necessário criar uma rigorosa lei seca para tentar diminuir a carnificina motorizada. É de se perguntar qual seria o impacto nessa realidade ao permitir o acesso a mais uma droga de efeito "recreativo". O cigarro, por sua vez, não altera a consciência, como a maconha. Mas permanece uma indústria poderosa, apesar dos malefícios inquestionáveis à saúde. Qual é pior: a cannabis ou a nicotina?
Sou de opinião que o Brasil ainda não está pronto para tomar um passo rumo à legalização da maconha. Os contrastes sociais, a ineficácia do poder público e profundas divergências dificultam a implantação de uma política efetiva. O que apenas reforça a necessidade de se ampliar o debate sobre o tema.
Bill Clinton se junta a outro ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso, no movimento que atesta o fracasso da política de repressão contra as drogas. Governos gastam fortunas para combater o tráfico, mas não há sinal de que o consumo seja refreado. No Brasil, o tráfico é o segundo crime que mais leva brasileiros ao inferno das prisões - só perde para roubo. A legislação modernizou-se em 2010, ao estabelecer a distinção entre usuário e traficante, com prisão somente para este último. Note-se que a mudança ocorre apenas no âmbito penal. Não há em evidência de debate ou mobilização que projete como seria a sociedade brasileira com o consumo legalizado de drogas.
Sobre o ponto de vista abordado por Obama, vale atentar para cigarro e álcool. Sabe-se que o consumo de bebida alcoólica tem efeito trágico no trânsito - a ponto que se tornou necessário criar uma rigorosa lei seca para tentar diminuir a carnificina motorizada. É de se perguntar qual seria o impacto nessa realidade ao permitir o acesso a mais uma droga de efeito "recreativo". O cigarro, por sua vez, não altera a consciência, como a maconha. Mas permanece uma indústria poderosa, apesar dos malefícios inquestionáveis à saúde. Qual é pior: a cannabis ou a nicotina?
Sou de opinião que o Brasil ainda não está pronto para tomar um passo rumo à legalização da maconha. Os contrastes sociais, a ineficácia do poder público e profundas divergências dificultam a implantação de uma política efetiva. O que apenas reforça a necessidade de se ampliar o debate sobre o tema.
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