Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Lula, a ‘democracia’ venezuelana e a ausência de sinais mínimos de inteligência

  'A última da série não consegue se qualificar, nem mesmo, como declaração cretina'

J.R. Guzzo:


Parece claro, à esta altura, que a grande marca dos primeiros seis meses deste governo é a capacidade do presidente da República para dizer coisas integralmente sem propósito. É um surto permanente, que não tem paralelo com qualquer outro dos 200 chefes de Estado, ou algo assim, em atividade hoje no resto do mundo — ninguém, aí, consegue competir com ele.

Lula já disse que a Ucrânia é responsável pela invasão militar do seu próprio território, algo nunca visto antes na história das nações; não deu para entender nada, salvo sua vontade de bajular o invasor. Anda, desde que assumiu a Presidência, com uma ideia fixa: eliminar o dólar como meio de pagamento para as transações do comércio mundial.

A última da série não consegue se qualificar, nem mesmo, como declaração cretina — é apenas um desvario sem sinais mínimos de vida inteligente. Lula disse, numa entrevista, que a Venezuela é uma “democracia”. Venezuela? Democracia? Isso mesmo. Segundo o presidente, a Venezuela é uma democracia, e pelo jeito que falou, das boas.

Até a Coreia do Norte tem eleições — e quem não for votar está sujeito à pena de morte, ou à prisão perpétua, ou à coisa parecida

A explicação de Lula é ainda pior. “A Venezuela tem mais eleições que o Brasil”, disse ele. Pronto, fica tudo resolvido: se o país tem eleição, tem democracia. É mesmo? A China também tem eleições; não deixa passar uma. Cuba tem eleições. A Guiné, um desses colossos que o Itamaraty de Celso Amorim tanto ama, tem eleições — só que o presidente é o mesmo há 44 anos. Até a Coreia do Norte tem eleições — e quem não for votar está sujeito à pena de morte, ou à prisão perpétua, ou à coisa parecida.

Sim, a Venezuela faz eleição. E daí? Segundo a avaliação de todas as democracias sérias do mundo, o governo frauda as eleições; é óbvio que ganha todas. O resumo da ópera é que há ditaduras sem eleição e ditaduras com eleição. A Venezuela é do modelo “com eleição”. É só isso.

Publicado originalmente no O Estado de São Paulo


Revista Oeste















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