Percival Puggina
Na pretensiosa reunião que manteve com a ministra Marina Silva, o assessor especial dos Estados Unidos para questões climáticas, o indefectível John Kerry, definiu a Amazônia como um “tesouro extraordinário” que “pertence a todos”, constituindo-se “num teste para toda a humanidade” (Revista Oeste).
Ato contínuo, o pressuroso profeta do apocalipse quase tirou a carteira do bolso traseiro das calças e deixou alguns dólares sobre a mesa para projetos visando a “conter mudanças climáticas no Brasil”.
Como se diz lá na minha Santana do Livramento: “Mas vai te enxergar, tche!”
Marina Silva (transcrevo literalmente da matéria referida acima na Oeste), afirmou: “Entendemos o caráter da Amazônia de equilíbrio do planeta, mas temos a clareza da soberania sobre esse território e buscamos ajuda. Mas uma ajuda soberana, com a qual queremos compartilhar a responsabilidade da proteção em bases econômicas, tecnológicas, de recursos. E compreendendo que é um esforço de proteção das florestas do mundo.” Que massaroca!
Nada tenho contra, aliás, creio que temos muito a aprender com a riqueza de outros países, mas desconfio de todo messianismo político, econômico ou ecológico.
O amor ao próximo é uma virtude e o bem da humanidade interessa a todos. Não vejo, porém, como sirva à soberania nacional a fila de países ricos atraídos com o retorno de Lula, dispostos a investir na “proteção da Amazônia”, esse “tesouro extraordinário que pertence a todos”.
Pouco antes, meados de janeiro, em Davos, o mesmo John Kerry, sem a modéstia que Deus parece negar aos tolos, defendeu a insustentabilidade do atual crescimento do mundo. É o reset geral que deixaria os países ricos satisfeitos com a riqueza e os pobres conformados com a pobreza. Para não restar dúvida sobre o ângulo desde o qual mira o planeta disse (novamente cito a Revista Oeste, em outra edição): “Quando você começar a pensar sobre isso, é bastante extraordinário que nós, um grupo seleto de seres humanos, somos capazes de sentar em uma sala, nos reunir e realmente conversar sobre salvar o planeta”. Te mete! (exclamação de santanense, também)
Claro, me vem à lembrança Al Pacino em o Advogado do Diabo: “Vaidade... definitivamente meu pecado favorito.”
Tenho certeza que toda pessoa sensata que assistir a esse filme, já nas primeiras cenas, advertirá o jovem advogado representado pelo ator Keenu Reeves: Não aceita o que esse cara está te oferecendo.
publicadaemhttps://www.puggina.org/fique-sabendo-artigo/mas-vai-te-enxergar,-tche!__7066
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