Jornalista Andrade Junior

sábado, 24 de abril de 2021

"O pretório excelso escolhe Barrabás",

 por Cláudio Luis Caivano - Advogado


O julgamento de Cristo pelo pretório de Pilatos ficou historicamente conhecido como o responsável pela sua condenação, no entanto, Jesus já havia sido julgado junto ao Sinédrio, que era a associação de juízes judeus que constituía a suprema corte da antiga Israel. Ocorreu na Judéia.

O meu caríssimo leitor deve saber que naquela ocasião que antecedeu sua crucificação, em virtude da época de Páscoa, Pilatos costumava soltar prisioneiros, entre eles havia alguém muito conhecido pelo povo. Essa pessoa chamava-se Barrabás.

A população convencida por seus líderes, escolheu libertar Barrabás no lugar de Jesus. Em seguida, Pilatos perguntou o que deveria servir de pena a Jesus. A partir deste ponto, todos sabemos o fim da história.

Essa imagem mental que se forma quase que de maneira automática, posta diante de nossa imaginação e de nossos sentimentos, evoca em nós, indubitavelmente, a imagem da injustiça e o sofrimento que ela pode causar.

Toda população, de maneira atemporal, precisa entender que dificilmente as decisões são tomadas por seus líderes e representantes tendo a própria população como preocupação principal, as decisões são políticas e na maioria dos casos com intenções “interna corporis”, ou seja, interesses internos, particulares e muitas vezes nebulosos e misteriosos.

Depois de mais de dois mil e vinte anos, tendo como resultado de votação o escabroso número de 8 a 3, que parece editar aquele vergonhoso 7 a 1 do futebol, em uma copa do mundo em nosso território. O que se revela mais triste é a semelhança entre os pretórios excelsos e a decisão privativa e exclusivamente política, a libertação de Barrabás.

Há outro cisma entre o povo e o pretório excelso, no entanto, também há outra sistemática semelhança na soltura de “barrabazes” atemporais, o fato de que seus crimes não desapareceram. Suas solturas em tempos históricos distintos, no presente, tal qual no passado, não os absolve, não os descriminaliza, não os torna santos em corpos humanos.

Desde sempre, os seguidores dos injustiçados clamam por liberdade e justiça, dois dos maiores valores éticos e morais de qualquer sociedade, tão em falta nos tempos atuais.

Importantíssimo pensarmos que os pretórios excelsos nunca foram eleitos, no entanto, não deixam de ser políticos, ao contrário, são totalmente políticos. No entanto, quando Sinédrios e outros pretórios se reúnem para liberar “barrabazes”, esta decisão transcende a política e transforma-se numa injustiça contra a população. A decisão injusta, como já dito, causa sofrimento e dor, além de ira e desesperança!

O que me conforta é que a roupa nova do rei o desnudou. As máscaras finalmente foram ao chão e não para nos libertar de desmandos de tiranetes, mas, para revelar a verdade dos pensamentos e interesses que permeiam os meandros do pretório excelso.

A salvação, segundo as palavras do presidente, “só Deus me tira desta cadeira”, virá dentro das quatro linhas constitucionais.

Será a reviravolta daquela partida de futebol do Brasil contra os onze togados?

A volta do intervalo revelou que três dos onze não estão tocando a bola pros demais. Em um time, sabe-se que palavras de ordem nem sempre funcionam, no entanto, parece que o líder do time chegou até mesmo a alterar a voz e tudo começou com a divergência do novato Kassinho!

Só nos resta esperar que o capitão do Brasil não se esqueça que a torcida está ao seu lado e que não gosta de injustiças, costuma adorar uma traição, no entanto, condena os traidores, principalmente os da pátria!

Cláudio Luis Caivano. Advogado.
















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