Carlos Júnior, Conexão Política
Está aberta a temporada de caça ao ministro Ernesto Araújo. Não que ela já não fosse uma realidade, mas agora virou a pauta do dia. Os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), respectivamente, vocalizaram o sentimento de todo o establishment: Araújo é persona non grata e deve cair o mais rápido possível.
Os motivos apontados são (I) a péssima imagem do Brasil tida pelas principais nações, (II) o atraso na vacinação contra a COVID-19 e (III) uma aproximação do ministro ao filósofo Olavo de Carvalho. As duas primeiras motivações não podem ser atribuídas a Araújo de maneira alguma, pois estão fora da órbita de sua atuação diplomática. Se o nosso país é malvisto lá fora, deve-se à intensa campanha de desinformação da grande mídia contra o governo Bolsonaro, o que resulta na distorção de realidade tida como verdade pelos estrangeiros. Quanto à vacinação, esse tema é responsabilidade do Ministério da Saúde – sempre bom lembrar que as vacinas contra o coronavírus estão em falta e a maior parte dos países também enfrenta o mesmo problema visto em solo tupiniquim.
O terceiro fator é verdadeiro e explica muito o porquê da pantomima em torno do ministro. Olavo de Carvalho é um escritor fabuloso e suas lições de Filosofia e Ciência Política são indispensáveis para quem quer compreender a realidade e o mundo contemporâneo. No livro Os EUA e a Nova Ordem Mundial, Olavo fala em três esquemas de poder com ambições de dominação global, partes de um fenômeno chamado globalismo. Os três esquemas são (I) o metacapitalismo ocidental, (II) o russo-chinês e (III) o bloco islâmico. O primeiro deseja implementar um governo mundial através de organismos supranacionais, promovendo a destruição das soberanias nacionais e dos valores religiosos – vistos como obstáculos ao plano. O segundo privilegia o ponto de vista militar, fornecendo ajuda às ditaduras antiamericanas e agindo economicamente pela China – que virou uma potência econômica graças às elites globalistas ocidentais. O terceiro visa a implementação do Califado Universal com a aniquilação de todas as religiões ‘’concorrentes’’, plano muito bem documento no livro A Conquista do Ocidente: o Projeto Secreto dos Islamitas.
Ambos possuem alvos em comum: a civilização ocidental, o cristianismo, as soberanias nacionais e o capitalismo de livre mercado. Como defensor de todos esses valores, o governo Bolsonaro entrou na lista de inimigos desse projeto megalomaníaco de dominação mundial.
Como se sabe inquestionavelmente, o ministro Araújo tem influência do professor Olavo e ela reflete diretamente em sua atuação como chanceler. Em pouco mais de dois anos, Araújo colocou o Brasil em proximidade com as democracias ocidentais – especialmente os Estados Unidos – e retirou o suporte dado aos regimes totalitários antiamericanos do Terceiro Mundo. Deu à diplomacia brasileira um caráter nacionalista, bilateral e independente, sem adesão alguma aos mecanismos globalistas – com exceção da entrada no Acordo de Paris.
O globalismo controla a imprensa mundial, a economia – através de políticas estatizantes – e a maior parte da classe política. Ou vocês acham que o deputado Fausto Pinato (PP-SP) esbanja fanfarronice a troco de nada? Nesse caso específico, ele é presidente da Frente Parlamentar Brasil-China e um dos mais destacados propagandistas do 5G da Huawei – um nome bonito para o mesmo inimigo: ditadura comunista chinesa. O sr. Pinato é do PP de Arthur Lira e Ciro Nogueira, dois dos tarimbados do establishment que vocalizaram o descontentamento com o Itamaraty de Araújo – além do próprio Pinato.
Dizer que o Centrão quer a cabeça do ministro Araújo por mera satisfação fisiológica é compreender rasamente a situação. O grupo controla o Congresso e não dispensa participar da administração pública. Isso é fato inquestionável. Mas por que mirar um ministério que até o atual governo nunca foi alvo de disputas partidárias? A resposta é simples: a política externa antiglobalista de Ernesto Araújo desagrada os setores da política brasileira comprometidos com os planos do governo mundial. Não por acaso o Centrão deu as mãos com a esquerda para assassinar a reputação do nosso chanceler. Ambos fazem parte desse esquema macabro.
O chefe do Executivo não deve ceder em hipótese alguma aos larápios chantagistas. Demitir Araújo é jogar no lixo a nossa tão ameaçada soberania e descartar um dos poucos vestígios de conservadorismo no atual governo, parte principal da pauta vencedora na eleição de 2018. Fazer as vontades de um grupo político que em nada contribuiu para a sua chegada ao poder é uma burrice que Bolsonaro não pode cometer.
Essa direita populista surgida na última década já teve algumas derrotas amargas, como a queda de Macri na Argentina e Trump nos EUA. Ainda que Macri seja um liberal aos moldes americanos, ele destronou do poder uma das maiores tradições políticas do continente – o peronismo. Donald Trump foi colocado na presidência pelos que conhecem os planos do Deep State local em destruir os EUA e fazer da nação americana o centro de comando da Nova Ordem Mundial. Ambos foram derrotados e falharam miseravelmente em suas missões, ainda que o segundo entregue resultados melhores e um legado mais palpável aos próximos herdeiros dessa luta.
No caso brasileiro a situação é ainda mais dramática. Bolsonaro encontra a maior parte das lideranças políticas contrária ao seu governo, um Congresso relutante e uma imprensa mentirosa e engajada em derrubá-lo. Concessões são necessárias em determinado momento. Mas descartar Ernesto Araújo não é uma delas. Fazer isso é admitir que os ideais conservadores não são o norte desse governo e que tudo vale para se manter no poder. Os direitistas esperam coisa diferente. Incluo-me neles.
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