Jornalista Andrade Junior

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Senha de ex-diretor era usada para vazar documentos

#vamosmudarbrasilia

Papéis sigilosos da BR foram achados com empresa suspeita de pagar propina.

Investigação interna da Petrobras identificou que a senha pessoal de Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da área internacional da companhia, está vinculada a dois documentos sigilosos que foram repassados a executivos da holandesa SBM Offshore, fornecedora da estatal que está sob suspeita de pagar propina. Os documentos tratam do plano diretor de desenvolvimento integrado do pré-sal da Bacia de Santos e da contratação de uma embarcação da empresa McDermott, concorrente da SBM. Nesta quarta-feira, Zelada prestará depoimento na CPI da Petrobras. Senha de Jorge Zelada era usada para vazar documentos da estatal - Divulgação...

No dia 17 de julho, o juiz Flavio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Rio contra Zelada e outros oito acusados de violar a Lei de Licitações dentro da Petrobras para favorecer a Construtora Norberto Odebrecht na realização de obras no exterior. O ex-diretor não foi localizado pelo GLOBO.
No caso da SBM, a primeira investigação feita pela Petrobras por meio de uma comissão interna de apuração concluiu seu trabalho no dia 1º de abril sem apontar qual seria a origem dos documentos repassados a executivos da empresa holandesa. A comissão solicitou, então, que a área de Segurança Empresarial da Petrobras tentasse fazer a identificação. Foi esse órgão que chegou à senha de Zelada.
“Vale ressaltar que os DIPs confidenciais constavam de dois diferentes arquivos PDF, gerados em datas distintas, e encontrados em posse de terceiros. A chave SG9W foi identificada como pertencente ao ex-empregado e ex-diretor Jorge Luiz Zelada”, ressalta o gerente executivo jurídico da Petrobras, Nilton Antonio de Almeida Maia, em documento enviado à Controladoria-Geral da União (CGU) em 16 de maio deste ano e obtido pelo GLOBO. A chave SG9W é a senha de acesso ao sistema.
Não foram encontrados registros de saída dos arquivos por nenhum e-mail corporativo da Petrobras. Os técnicos afirmam que os arquivos podem ter sido salvos em mídia removível, enviados por e-mail pessoal ou repassados por e-mail corporativo, que teria sido apagado em sequência.
VIAGEM PARA A ARGENTINA
O primeiro e-mail, que trata da contratação da empresa concorrente da SBM, foi gerado com a senha de Zelada em 23 de outubro de 2010, às 0h51m. Pelo horário, a suspeita é que tenha sido gerado por um sistema remoto. O documento foi encaminhado pelo representante da SBM no Brasil, Julio Faerman, a outro executivo da empresa, Francis Blanchelad, no dia 28 do mesmo mês. O outro documento foi gerado com a senha de Zelada em 7 de abril de 2011 e repassado a cinco altos diretores da SBM no dia 18 daquele mês.
A auditoria da Petrobras destacou a conclusão da SBM de que não é possível identificar o pagamento de propina, mas apenas de comissões de US$ 139 milhões a Julio Faerman. Relata, porém, que um sócio de Faerman ofereceu em 2011 uma viagem à Argentina a Zelada e a outro então dirigente da estatal, Renato Duque.
Fonte: Por EDUARDO BRESCIANI, O Globo

 

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