Jornalista Andrade Junior

sábado, 3 de junho de 2023

“O amor venceu”,

 por Ana Paula Henkel


Esta semana, também testemunhamos o silêncio dos “protetores das mulheres” em Brasília e na imprensa vendida a um partido de esquerda corrupto diante de mais uma perseguição política — e a uma mulher


“Oamor venceu.” Essa foi a frase mais dita pelos fanáticos da seita lulista, incluindo a velha imprensa carcomida pelo ativismo político, depois das eleições presidenciais de 2022. “O amor venceu o fascismo.” “O amor venceu um ditador.” “O amor venceu e a democracia foi salva.” Mas qual foi o preço desse “amor”? A economia, entregue com a saúde em dia por Paulo Guedes, já mostra sinais de estar sem oxigênio, e a imagem do Brasil perante o mundo entra na UTI depois que o ditador sanguinário Nicolás Maduro recebeu honras de chefes de Estado esta semana em uma visita ao Brasil.

Em apenas quatro meses comandando o Executivo, o desgoverno Lula acumula uma lista de consequências do “amor” pior do que quaisquer quatro anos de governos ruins em nossa história. E na genética de partidos e movimentos que mantêm relação com ditadores estão o desprezo e a perseguição por dissidentes, críticos e opositores políticos. Aqueles que pregam o tal “amor” a gays, negros, indígenas e mulheres, por exemplo, ignoram qualquer ato de humanidade e justiça se a pessoa em questão, mesmo estando nesses grupos, não pertencer ao mesmo espectro político-ideológico que eles. Ou seja, para a esquerda radical que, falsamente, prega o amor e a tolerância, qualquer antagonista às ideias bolcheviques da turma revolucionária merece ser achincalhado, humilhado e perseguido.

Esta semana, a senadora Damares Alves, alvo constante da esquerda paz e amor, foi atacada mais uma vez de maneira covarde pelo simples fato de ser uma mulher independente na política e no pensamento. Roberto Requião, um dos nomes fortes do PT, debochou dos abusos sexuais sofridos por Damares ao publicar um comentário sobre a apreensão de uma aeronave da Igreja do Evangelho Quadrangular do Pará que estava carregada com drogas. A ex-ministra é sobrinha do pastor Josué Bengtson, um dos principais líderes da Igreja Quadrangular no Pará.

O ex-governador petista achou correto ir até o Twitter e comentar, em tom de chacota, os abusos sofridos pela senadora quando era criança: “A maconha apreendida no avião do pastor tio da Damares é abençoada. Não é para ser vendida ou comercializada. Será distribuída a todos aqueles que quiserem ver Jesus trepado na goiabeira! Não confundam tráfico com porra louquice Santa!”. Requião não é o único a tripudiar, apenas por discordâncias políticas, sobre os estupros sofridos por Damares Alves.

Em 2019, uma jornalista fez piada no final de um programa ao vivo em uma grande rádio pedindo um “sambinha”, “o Bicho da Goiaba”, depois de rir com seu colega de bancada da experiência na infância de Damares. Em 2018, a senadora contou em uma entrevista que, quando criança, subiu em um pé de goiaba para tirar a própria vida depois de ter sido estuprada por dois pastores da igreja que ela e a família frequentavam. A ex-ministra relatou que chegou a subir em uma goiabeira para beber veneno, mas que teve um “encontro” com Jesus e que isso a teria feito desistir de tirar sua própria vida.

A semana para as mulheres na administração PT terceiro tempo seguiu como manda a genética do partido aliado a ditadores: com mais intimidações a mulheres. Durante o depoimento de Nelcilene Reis na CPI do MST, ex-integrante do movimento terrorista que invade propriedades violentamente, a presidente do PT e deputada Gleisi Hoffmann deu um show de intimidação e desrespeito ao depoimento de uma mulher. Nelcilene afirmou ter ingressado no MST com a expectativa de receber um pedaço de terra para plantar, mas que foi extorquida pelos líderes do acampamento. Ela relatou que sua família deixou o movimento após um desentendimento com os líderes por se sentir escravizada por trabalhar todos os dias, de graça, e não poder vender o resultado da sua plantação. Gleisi ameaçou “acionar a Justiça” para impedir que as declarações de Nelcilene sejam levadas a sério. 

Esta semana, também testemunhamos o silêncio dos “protetores das mulheres” em Brasília e na imprensa vendida a um partido de esquerda corrupto e sem escrúpulos diante de mais uma perseguição política — e a uma mulher. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais aposentou compulsoriamente a juíza Ludmila Lins Grilo depois que ela foi afastada pelo Conselho Nacional de Justiça, em fevereiro deste ano, por críticas ao inquérito do Supremo Tribunal Federal que apura supostas fake news. Ludmila, assim como muitos magistrados e juristas no Brasil, é crítica das arbitrariedades e inconstitucionalidades cometidas por membros do STF e, principalmente, Alexandre de Moraes. A perseguição política fica evidente, uma vez que a juíza sempre se mostrou estabelecida no espectro ideológico alinhado com a direita constitucionalista, escrava das leis e defensora das liberdades. Ludmila nunca escondeu sua admiração pelo professor Olavo de Carvalho, sua obra, seus ensinamentos e previsões sobre o Brasil e o caminho que estamos seguindo — muitas sendo concretizadas em velocidade vertiginosa. Não é difícil imaginar que a maneira como Ludmila traz luz ao amplo debate público, sem ativismos e com muito conhecimento histórico, pode ter contribuído para a sua perseguição. Conhecimento incomoda. Conhecimento dividido incomoda muito mais.

Mas a semana para as mulheres na nova era do amor petista foi coroada com um golpe físico em uma mulher. Depois das cerimônias pomposas para receber o ditador da Venezuela Nicolás, seguranças do ditador amigo de Lula e membros do Gabinete de Segurança Institucional agrediram jornalistas brasileiros, entre eles Delis Ortiz, repórter da TV Globo. A jornalista de 59 anos e testemunhas disseram que no empurra-empurra para evitar a aproximação da imprensa, um dos seguranças deu um soco no peito de Delis. Um dia após o episódio — até hoje não lamentado por Lula ou Janja —, a jornalista deu uma entrevista ao programa Estúdio i, da Globo News: “Foi assustador, porque você não espera isso de quem te conhece do dia a dia. Levei uma braçada no pescoço de um segurança do Maduro. Um menino de uns 19 anos ainda me deu um soco, um dos GSI. O que tenho ouvido dos colegas é que é como se fosse um soco em toda a imprensa”.

Nenhuma feminista até agora se manifestou.

Não podemos deixar de registrar que o absurdo da agressão a Delis Ortiz tem, indiretamente, as digitais do próprio veículo em que a jornalista trabalha. Logo após as eleições presidenciais de 2022, depois de quatro anos de demonizações e distorções diárias do governo de Jair Bolsonaro por parte desse mesmo veículo, vídeos das redações comemorando a eleição de Lula e “a volta do amor” viralizaram na internet.

Assim como qualquer outro grupo, mulheres não são nada para a esquerda. A tal agenda de proteção das mulheres da esquerda nem sequer é capaz de proteger as mulheres de seu primeiro e mais importante direito: o direito à vida. A agenda abortista disfarçada de “saúde pública” corrompe a alma feminina e destrói o corpo humano. Consequências devastadoras oriundas da implementação desse manual covarde não são mencionadas, para que as mulheres continuem sendo usadas como massa de manobra, apenas peças em tabuleiro político.

Fato é que mulheres de espírito independente, que não aceitam manipulações, não servem para a esquerda — no Brasil ou no mundo.

Em uma época onde a política era dominada por homens, a trajetória de Margaret Thatcher, por exemplo, a eterna Dama de Ferro, nunca foi celebrada. Thatcher assumiu o cargo de Primeira-Ministra inglesa em 1979, em plena guerra fria, e deixou o poder político britânico em 1990, logo após a queda do Muro de Berlim. Uma das aliadas do ex-presidente norte-americano Ronald Reagan no combate ao comunismo, Thatcher alcançou marcas políticas e econômicas históricas quando assumiu o poder na Grã-Bretanha promovendo mudanças significativas, desde a intervenção em uma sociedade dominada por sindicatos e corporações até a reconquista do caminho de prosperidade ao travar ferrenhas batalhas para implementar medidas liberais.

Thatcher promoveu transformações profundas e deixou um legado que serve até hoje para o mundo. O programa de privatizações sob seu comando foi intenso, e sua administração privatizou quase todas as empresas estatais, aliviando o Estado para os problemas mais sérios da época: “O governo não sabe administrar empresas e quase sempre o faz de modo inepto”, disse em uma polêmica entrevista. Sob sua batuta, o governo também reduziu impostos e realizou reformas institucionais com alvo na diminuição do Estado e seus tentáculos. Apesar da herança recebida do Partido Trabalhista, como recessão econômica, altos índices de desemprego e elevadas taxas de inflação, foi durante seu comando que o programa Capitalismo Popular foi instituído e milhões de ingleses se tornaram donos de sua própria casa.

O legado de Thatcher é vasto e poderíamos dedicar artigos inteiros às ações e feitos dessa magnífica mulher, que não apenas esteve à frente de seu tempo no campo político, mas que inspira até hoje outras tantas mulheres a trilhar seu caminho de coragem e resiliência. O fato que me intriga, no entanto, mesmo diante de seu inspirador espólio, é que ela não é tão celebrada pelas mulheres — e muitas vezes é até demonizada por algumas. Não deveríamos celebrar sempre os feitos de uma mulher que desmontou barreiras contra seu gênero e mostrou absoluta competência e força feminina? E é aí que nos deparamos com a hipocrisia do universo feminino e toda a sua apreciação ou indignação seletiva na esquerda.

Mas o que esperar de um governo que tem no comando do Ministério do Esporte uma mulher, ex-atleta olímpica, e que não protege as mulheres e o esporte feminino?

O retrato do cenário político brasileiro começa a ser desenhado com o que parecia ser possível apenas em um pesadelo. Os fantasmas de quem testemunhou o aparelhamento do Estado por militantes cleptomaníacos, feitiçarias econômicas, a pilhagem bilionária dos cofres públicos, verdadeiras fortunas “emprestadas” a ditaduras companheiras, a total incapacidade de viabilizar no país um ambiente favorável ao investimento e à geração de empregos estão de volta.

Mas o que esperar de um governo que tem no comando do Ministério do Esporte uma mulher, ex-atleta olímpica, e que não protege as mulheres e o esporte feminino? O país elegeu um ex-condenado, preso por corrupção, que nunca foi inocentado, e deu a ele um cheque em branco “em nome do amor”. E esse amor vai custar caro, muito caro.


Revista Oeste






















PUBLICADAEMhttp://rota2014.blogspot.com/2023/06/o-amor-venceu-por-ana-paula-henkel.html

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