Denúncias mostram que o governo Lula 3 tenta aparelhar uma das poucas estatais que dão orgulho ao país REDAÇÃO OESTE -
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é referência global para a agricultura tropical. Mesmo durante as passagens anteriores do PT no poder, quando a palavra estatal quase se tornou sinônimo de escândalo, a Embrapa conseguiu se manter blindada. As novas escolhas do governo Lula para a instituição, contudo, preocupam os funcionários da autarquia.
As pressões para que essas escolhas sejam aprovadas chegaram aos ouvidos da deputada federal Adriana Ventura (Novo-SP). Em entrevista concedida à Edição 165 da Revista Oeste, a parlamentar relatou que o presidente da autarquia foi afastado antes de completar o mandato. Ela disse ainda que os atuais membros do Conselho de Administração (Consad) da estatal estão sofrendo pressões para aprovar a nova diretoria.
“Os conselheiros estão sendo pressionados a aprovar os novos diretores da empresa”, disse Adriana. “Não estou dizendo necessariamente que esses diretores sejam incompetentes, mas que, se é uma empresa pública, o critério de escolha deveria ser técnico, e não político.”
A nova presidente da Embrapa
Em 50 anos de existência, 14 presidentes comandaram a estatal. Apenas três deles não tinham formação em agronomia. Seus nomes são: José Irineu Cabral, Silvio Crestana e Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá.
Cabral foi o primeiro presidente da empresa. Crestana exerceu a função de 2005 a 2009 – na primeira vez em que Lula esteve no poder. Silvia tomou posse no cargo em maio deste ano, depois que Crestana recusou o convite do petista para retornar ao comando da estatal. Ela é formada em Análise de Desenvolvimento de Sistema pela PUC, um curso relacionado à computação.
A escolha de Silvia desagradou alguns setores da estatal. Fontes ouvidas por Oeste se referiram à presidente como alguém “sem preparo para o cargo”. Um funcionário de alto escalão disse que seu desempenho como pesquisadora foi fraco.
Ela dirigiu a Embrapa Digital, sediada em Campinas, de julho de 2015 a janeiro de 2022. Dos 43 centros de pesquisa da estatal, essa unidade figura entre as menos engajadas com a produção rural. Por estarem dentro da Unicamp, são considerados muito teóricos.
Uma diretoria militante?
Entre as grandes preocupações, destaca-se uma: como a instituição tem braços em todo o território nacional, Silvia não teria conhecimento suficiente dos meandros da empresa para comandá-la. A indicação teria o objetivo de abrir as portas para “um quadro de diretores do PT na estatal”.
A lista de quadros é formada por quatro nomes: Alderi Clenio Nailto Pillon (para diretoria de Pesquisa e Inovação), Emídio de Araújo (Governança e Gestão), Selma Lúcia Lira Beltrão (Pessoas, Serviços e Finanças) e Ana Margarida Castro Euler (Negócios) – a única aprovada até o momento pelo Consad.
De acordo com a estatal, “os demais candidatos seguem no processo de avaliação, no qual ainda farão a apresentação de seus planos de trabalho após recomendações dos conselheiros”. A pesquisadora Ana Margarida recebeu o aval do grupo na sexta-feira 12. Ela é vinculada ao La Recherche Agronomique pour le Développement, instituto ligado ao governo da França, e teve um cargo de direção no WWF-Brasil. As duas instituições combatem o agronegócio brasileiro, como registrou a reportagem “A guerra contra o agro”, publicada na Edição 165 de Oeste.
As pesquisas da Embrapa ajudaram a revolucionar o agronegócio brasileiro. Graças à empresa, por exemplo, foi possível plantar no cerrado brasileiro – uma região de solo pouco fértil, que se tornou o grande celeiro do planeta. Os principais pilares da estatal foram o investimento pesado em desenvolvimento científico aliado à prática do dia a dia no campo. Outro triunfo que colaborou para o seu sucesso foi a não interferência do Estado e de governos em suas funções. Caso esse isolamento seja rompido, o futuro da Embrapa estará seriamente comprometido.
publicadaemhttps://revistaoeste.com/agronegocio/a-embrapa-sob-ataque/
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