Percival Puggina
O ex-deputado Roberto Jefferson está em prisão domiciliar, com tornozeleira, proibido de realizar entrevistas sem autorização judicial, de receber visitas de pessoas que não são familiares e de manter comunicação externa, inclusive nas redes sociais. É um acéfalo.
Na opinião dos ministros da PGR e do STF que lhe negaram habeas corpus, o ministro, com seu vasto histórico de problemas de saúde, é um tipo perigoso de democracia e instituições. Em geral, suponho, ela fará por conta própria o que as Forças Armadas, por meio dos comandantes que falam por ela, há mais de seis anos reiteram que não farão.
Para seus carcereiros, deve ser vantajoso manter a hipótese de que Robert Jefferson tenha esse poder e fantasiar sobre a eminência de tal risco. O poder que lhe é atribuído aumenta o poder de quem o mantém preso sem julgamento. A fantasia dá motivos aparentes para o STF inibir os outros e para a deusa Têmis exibir o fio de sua espada diante de algo que deveria ser resolvido em outro fórum e por outros meios.
A meu ver, é a sequência de atos de natureza semelhante que coloca em risco a democracia e as instituições em descrédito. A ascensão de mártires é um sintoma grave de uma ordem institucional que se pretende democrática. As democracias não levantam mártires e as nossas estão se alinhando.
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