Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

'Esqueçam o Lula de 2002',

 sugere J.R. Guzzo

O Lula 2022 é outro homem. Está decidido a ser quem ele realmente é — e não um presidente obrigado a fingir que gosta de democracia, quando gosta exatamente do contrário


De uma coisa ninguém vai poder acusar Lula caso ele volte um dia à Presidência da República, como garantem as pesquisas eleitorais que no momento lhe dão 110% dos votos, com viés de alta: de ter escondido, durante a campanha, que queria criar uma ditadura no Brasil. Isso não. É raro passar um dia inteiro sem que ele diga, com todas as palavras, que quer governar com base num regime de força (ele chama de “regime forte”), em que só manda um “partido forte”, o PT, e em que tudo se subordina a um “Estado forte” — tudo isso, claro, comandado por um “homem forte” que naturalmente só pode ser ele próprio.

Lula não tem nenhum constrangimento em dizer essas coisas em público porque tem certeza absoluta de que é isso mesmo, exatamente, o que ele quer hoje — não tem mais interesse nem paciência, à essa altura, para ficar “negociando” cada portaria que tiver de assinar, cedendo isso ou aquilo “à direita” ou obedecendo regras que ele não criou. Ou é assim, ou então não interessa. Esqueçam o Lula de 2002, que queria tanto parecer um boa praça e seguia as instruções dos publicitários para fazer comerciais fofos na tevê. O Lula 2022 é outro homem. Está decidido a ser quem ele realmente é — e não um presidente obrigado a fingir que gosta de democracia, quando gosta exatamente do contrário.

Lula sempre foi um político dissimulado, ambíguo e sem espinha dorsal — chegou a beijar a mão de Paulo Maluf tempos atrás —, mas numa coisa nunca variou: em sua admiração sem limites por Fidel Castro e Cuba, e por Hugo Chávez e Venezuela. Sempre quis ser um deles, ou os dois juntos ao mesmo tempo — só não tentou porque tinha medo de não conseguir. Parece não ter mais essa preocupação; acha que “a esquerda” está levando tudo, no Chile, no Peru, na Bolívia, fora o que já levou, e que em novembro será a sua vez.

Para não deixar dúvidas, o candidato do PT e dos advogados criminalistas especializados em corrupção também está dizendo, com toda a convicção do mundo, que o Brasil deveria ser governado como a China. Pois é: além de Cuba e Venezuela, a China, ultimamente, foi promovida à condição de regime da sua preferência. O que deixa Lula fascinado, ali, não é o capitalismo selvagem praticado na economia, coisa que aliás nem entende direito o que seja — e sim a ditadura do Partido Comunista. Prepare-se, portanto, para ouvir falar muito de China, “modelo chinês” e mais do mesmo no palanque lulista de 2022.

Publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo 

Revista Oeste











PUBLICADAEMhttp://rota2014.blogspot.com/2022/01/esquecam-o-lula-de-2002-sugere-jr-guzzo.html

1 comments:

O mínimo que se pode dizer do artigo é interessante, até quando os Brasileiros viverão a cegueira política, conivência e passividade.
Ter de escolher, o ruim, e dizer que o ruim é melhor do que o péssimo, ou o menos pior !
Dizem que cada país, tem o presidente / líder que merece ... Um pais, em que, inocentes são presos, e muitos de colarinho branco e influentes são / estão soltos, uns presos porque não tem "Prova de Inocência ou são de cor diferente" e por isso são injustiçados, outros, soltos, porque as provas apresentadas, não foram obtidas com "permissão do investigado.!" conseguem ficar livres, isso não significa "inocência" mas "esperteza", defendidos por um sistema cheio de falhas e brechas, aproveitam-se da "fragilidade" da lei para não serem condenados/punidos , isso é "inteligência".
Escolhem-se políticos como se fosse um time de futebol, mas, a grande diferença é que, quem você elege, pode mudar o destino de milhões ... alguns de forma temporária, outros, definitiva ...

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