por Carlos Sampaio
Usou uma linguagem errada, sim, usou. Não concordo com a linguagem usada pelo Deputado, mas o fato é que ele está de saco-cheio, assim como todos nós.
Os 11 Ministros, por sua vez, interpretam a Constituição como querem e usam para se comunicar com o povo brasileiro uma figura de linguagem chamada Metonímia: do grego, a palavra "metonímia" (metonymía) é constituída pelos termos “meta” (mudança) e “onoma” (nome) que literalmente significa “mudança de nome”.
Assim: Metonímia é uma figura de linguagem marcada pela substituição de um termo por outro que guardam entre si uma relação de contiguidade, ou seja, um faz parte do outro. Simplificando com exemplos:
- A parte pelo todo: "O bonde passava cheio de pernas." (“As pernas são partes das pessoas”); - A marca pelo produto: "Tomei uma Coca-Cola no almoço. "(Coca-Cola é uma marca de refrigerante). - A parte pelo todo: "A família não tem um teto para morar." (o teto é uma parte da casa). - O autor pela obra: "Gosto de ouvir Mozart." (Mozart é um compositor de música clássica). - O efeito pela causa: "Sócrates tomou a morte." (a morte é o efeito do veneno).
Você toma a água que está contida no copo e não um “copo d’água”. Percebem? Astutamente os Ministros usam o tempo todo essa figura e acrescentam a ela argumentos sofistas.
Olhem só:
O País inteiro, ou quem viu o vídeo, assistiu Daniel Silveira atacando os Ministros e pedindo sua substituição! Não interessa se foi com palavrões ou com outras expressões. Ele pedia a substituição dos 11 Ministros!
Olhem a astúcia dos Ministros:
- Daniel Silveira atacou a o Supremo! Atacou a Democracia. Atacou o Brasil.
Notem a sutileza do argumento: quando convém aos Ministros eles mostram que o todo foi atacado, não a parte podre. Que o Brasil foi agredido, não os que corroem o Brasil; que a Democracia brasileira foi atacada, não os 11 Ministros.
Daniel Silveira tem razão? Tirem suas conclusões lendo estes fatos:
Em 07/06/2006, o Estado de São Paulo anunciava:
“Sem-terra invadem Câmara, espalham destruição e ferem 24. Sob o comando de um dirigente petista, 545 militantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST), uma dissidência do MST, transformaram ontem o Congresso numa praça de guerra, em episódio de selvageria inédito na história da instituição. Depois de invadir à força um prédio anexo da Câmara, eles passaram a destruir tudo à volta e a agredir seguranças. No fim, 26 pessoas saíram feridas - 24 seguranças e 2 manifestantes. Um diretor da Casa foi internado na UTI de um hospital com traumatismo craniano.
Foram quase duas horas de terror: o Congresso foi sitiado, os servidores ficaram acuados e os parlamentares se viram confinados no plenário e nos gabinetes. Ao fim do quebra-quebra, os 545 ativistas foram detidos pela Polícia Militar. Do total, 503 adultos (entre eles 6 líderes) e 42 menores de 18 anos.”
- Nenhum Ministro do Supremo se pronunciou ou viu ataque a democracia. Nenhum jornalista viu a democracia em perigo. Nenhuma rede de Televisão disse que o Brasil estava ameaçado de se tornar uma ditadura.
Em 17/06/2013, a Gazeta do Povo noticiava:
“Mais de 7 mil invadem o Congresso Nacional. Manifestantes romperam o bloqueio policial. Senadores e deputados tentaram em vão conversar com os participantes do protesto: ... quebraram o vidro de uma das janelas da sala da primeira vice-presidência e podem invadir o interior do prédio.
Em 24/02/2014 o Diário do Poder (DP) noticiava:
“Governo (petista) financiou manifestação em que MST tentou invadir o STF. BNDES e Caixa deram R$ 550 mil ao MST na tentativa de invasão do STF. No decorrer da passeata, o grupo de sem-terra integrou-se a petistas acampados em frente ao STF desde as prisões do mensalão, ameaçando invadir a Corte. Na presidência dos trabalhos, o ministro Ricardo Lewandowski suspendeu a sessão que ocorria no momento. Manifestantes atiravam cruzes que faziam parte da marcha, pedras e rojões contra a polícia, que usou bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os militantes. Ao todo, 30 policiais e dois manifestantes ficaram feridos.”
- Nenhum Ministro do Supremo se pronunciou ou viu ataque a democracia. Nenhum jornalista viu a democracia em perigo. Nenhuma rede de Televisão disse que o Brasil estava ameaçado de se tornar uma ditadura.
Em 18/04/2017, UOL anunciava:
“Sindicalistas depredam entrada do Congresso em tentativa de invasão”.
Em 06/04/2018, O Globo anunciava:
“MST ataca prédio de Carmen Lúcia em BH com tinta vermelha”.
Em 07 de julho de 2020, o colunista da Folha, Hélio Schwarstman escrevia:
“Por que torço para que Bolsonaro morra. O presidente prestaria na morte o serviço que foi incapaz de ofertar em vida.”
Em 10 de janeiro foi a vez de Ruy Castro, também jornalista da folha, pedir o suicídio de Bolsonaro.
- Nenhum Ministro do Supremo se pronunciou ou viu ataque a democracia. Nenhum jornalista viu a democracia em perigo. Nenhuma rede de Televisão disse que o Brasil estava ameaçado de se tornar uma ditadura.
Agora assistam o vídeo, cujo título é “Toda esquerda pode detonar o STF”:
CLIQUE NO LINK ABAIXONele Zé Dirceu ataca o STF. Lula ataca o STF e usa linguajar chulo. Requião ataca o STF. Wadih Damous, petista, ataca o STF. Diretamente. Na cara. Todos atacam as Instituições Brasileiras.
- Nenhum Ministro do Supremo se pronunciou ou viu ataque a democracia. Nenhum jornalista viu a democracia em perigo. Nenhuma rede de Televisão disse que o Brasil estava ameaçado de se tornar uma ditadura.
E a Grande Imprensa, lambendo os pés do STF, grita: - “Daniel Silveira atacou as Instituições” ... “Daniel Silveira cometeu crime terrível contra os Ministros” ... “Daniel Silveira pediu a volta do AI5 e da Lei de Segurança Nacional. Essas leis da Ditadura aterrorizaram o Brasil” ...
Mas não dizem que a lei usada contra Daniel Silveira, foi a “terrível” lei de Segurança Nacional que os analistas dos jornais escritos e falados não cansam de condenar.
Olhem o cinismo: usada contra Daniel Silveira pode, é legal, é bacana, contra os jornalistas que puxam o saco do STF, não, não pode. Nesse caso é Ditadura.
Repetindo: o Supremo usou o AI5 para punir o Deputado Daniel Silveira!
Pra finalizar o imbróglio, os 11 Ministros os quais o Deputado pediu a destituição, julgaram e prenderam o Deputado sem qualquer análise, apenas com o discurso de delegado do Ministro Moraes.
Notem que nenhum acusado pode julgar, condenar ou prender o acusador.
Notem que para audiência de custódia o juiz designado foi o auxiliar de Moraes.
Que chance tem o Deputado?
E os jornalistas da chamada “Grande Imprensa” continuam gritando:
“A Câmara pode usar o corporativismo e defender o Deputado”.
Ora, ora, o que fez o STF?
Eis o que fez o STF, segundo as palavras do Ministro Marco Aurélio:
"Não tenho a menor dúvida de que os ministros combinaram que confirmariam a prisão de Daniel Silveira. Não tivemos aquelas ladainhas. Eles conversaram entre si. Não falaram comigo, porque não admito conversas na minha vida de juiz”, afirmou ele.
E concluiu:
“Não quero estar atrelado a nada. Quero estar solto na bancada. Mas não tenho a menor dúvida de que os ministros combinaram que confirmariam a prisão. Não somos ingênuos”.
O STF pode usar o corporativismo explicito a combinação, desde que beneficie a causa dos Ministros. A Câmara, não, segundo a imprensa.
E aqui temos a última armadilha engatilhada pela imprensa esquerdista: forçar os deputados a votar contra os deputados em nome de uma causa ilegal.
Tudo isso é muito perigoso e assustador. Resta à Câmara chamar para si a responsabilidade e dizer que ela punirá o Deputado pelos excessos cometidos, não o Supremo. Se isso não acontecer, o Brasil terá se tornado uma Ditadura de 11 Juízes, onde todos os poderes estão subordinados, ajoelhados e dependentes das vontades e dos juízos desses senhores que nunca receberam um voto do povo brasileiro.
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