escreve Felipe Fiamenghi
Eu juro que eu gostaria de ter visto tanta "comoção" com a Petrobras na época da compra da refinaria de Pasadena ou quando o lulopetismo espoliou a petrolífera até deixá-la próxima da bancarrota. Não aconteceu. Com Bolsonaro, porém, basta uma troca de Presidente para que o caos se instale nas Índias de Cabral.
Como diria Jack: Vamos por partes (piada horrível. Eu sei).
A troca da presidência está acontecendo após Bolsonaro não ser atendido em várias solicitações de relatórios mais detalhados sobre os lucros da empresa, que aumentou o combustível sucessivamente desde o começo do ano.
Embora a Estatal venha apresentando ótimos resultados, como a geração de caixa medida pelos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$33,4 bilhões no 3º trimestre de 2020, 2,6% maior do que a do mesmo período de 2019 e 33,8% superior à do 2º trimestre, o Presidente quer saber se os resultados são apenas consequências de uma gestão eficiente e sem corrupção ou se é o povo brasileiro que está pagando a conta na bomba de combustível.
A resposta negativa do mercado financeiro à indicação, que está sendo usada exaustivamente pela imprensa para criticar a decisão, não é nada além de "pressão" dos rentistas para preservar seus próprios interesses.
Após altas históricas nas ações, não é interessante para os investidores que os lucros diminuam às custas de uma POSSÍVEL (mera especulação) redução nos preços dos combustíveis, ainda que isso beneficie todo o resto da população.
"Farinha pouca, meu pirão primeiro".
A Petrobras é uma Estatal. E uma Estatal bizarra, sem sentido, que não tem razão de existir. Como Estatal, em teoria, deveria cumprir uma "função social". Na prática, porém, suas únicas funções são estabelecer monopólio, dar lucro para investidores e, durante muitos anos, servir de caixa para corrupção multibilionária.
É uma piada de mau gosto: Em um país autossuficiente em Petróleo, com toda a extração feita por uma empresa governamental, termos a 60ª gasolina mais cara do planeta.
"O Petróleo é Nosso!" De quem? Dos brasileiros ou dos acionistas?
Já que a "função social" da Estatal é inexistente, o mais coerente, sem qualquer sombra de dúvidas, é a privatização e consequente abertura de mercado.
Não é nenhum raciocínio muito complexo. Basta olhar para qualquer país que tenha reservas de petróleo semelhantes às nossas, ou até inferiores, onde o mercado funcione com livre concorrência. As empresas privadas conseguem oferecer combustível muito mais barato para o consumidor e ainda manter lucros bilionários.
E não adianta falar que a exploração de petróleo já foi "aberta" em 1997. Enquanto o mercado for dominado por uma Estatal, nenhuma empresa privada se arriscará no país. Basta lembrar de como Dilma Rousseff congelou os preços, na "canetada", em 2015, para "segurar" a inflação. Para o governo, significou um prejuízo de 100 bilhões. Para uma empresa privada, seria a falência.
Sim, eu sei que o último parágrafo parece contradizer o que afirmei acima. Se Dilma pôde "manipular preços" para conter a inflação, então a Estatal teria uma "função social". Certo? Errado!
A "manobra" da ex-presidente foi meramente POLÍTICA. Em um mercado com livre concorrência, naquele momento, o preço da gasolina acompanharia a alta do petróleo, mas em seguida, quando a cotação do barril caísse, o combustível também acompanharia a queda. Algo que não acontece ou acontece muito timidamente no Brasil.
Na bomba, para o consumidor, os aumentos são substanciais e as reduções inexpressivas.
É muito bonito, então, ver deputados criticando a decisão de Bolsonaro e acusando-o de fazer "populismo", enquanto é EXATAMENTE isso que eles próprios estão fazendo; já que a solução mais eficiente, a privatização, depende da aprovação do Congresso e este não aceita que ela aconteça. Estatais, afinal, são um imenso reservatório de cargos para barganha política.
E nem vou entrar aqui em outras questões sobre o Congresso, como a reforma tributária, absolutamente essencial para aumentar o poder de compra dos brasileiros, porque o texto já ficou longo demais.
A única coisa que tem para se dizer sobre o novo Presidente indicado por Bolsonaro, General Silva e Luna, é que fez um trabalho excepcional na gestão de Itaipu. Todo o resto é mera especulação. O tempo mostrará a verdade.
"Monopólio não é outra coisa senão a cassação dos direitos econômicos, com efeitos sociais perversos, porque tende a criar uma burguesia estatal.” (CAMPOS, Roberto)
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