Ricardo Vélez-Rodríguez
Demorou, mas chegou. Está em andamento a Terceira Revolução Conservadora nos Estados Unidos. As duas primeiras foram protagonizadas pelos ex-presidentes Theodor Roosevelt (1858-1919) que permaneceu no poder entre 1901 e 1909 e Ronald Reagan (1911-2004), cujos mandatos se estenderam de 1981 até 1989. A primeira chegada ao poder de Donald Trump se deu entre 2017 e 2021 e, embora com índices bastante positivos de aprovação após o governo Obama, sofreu o impacto da pandemia de Covid na parte final do seu primeiro mandato. Seu segundo governo acaba de começar, tendo sido eleito em 6 de novembro de 2024.
Impressionou o inicio do governo Trump pela velocidade que imprimiu às suas reformas, tendo-as concentrado nos 200 atos executivos que assinou logo depois da posse. Nunca se viu tamanha atividade logo no início de um mandato presidencial, nos Estados Unidos. Contrasta essa dinâmica com a preguiçosa e desnorteada gestão de Joe Biden, que se arrastou entre gafes, dilações, políticas ambíguas com os inimigos dos interesses americanos e, para piorar as coisas, com quedas do primeiro mandatário devido à falta de equilíbrio e com uma evidente aparência de fadiga e desorientação. Trump veio para concertar o que estava errado no governo dos Estados Unidos, a começar pela ideologia de gênero e pelas políticas que favoreciam exageradamente as expectativas das minorias.
Indícios de que algo andava mal na gestão do governo foram os erros técnicos dos controladores de voo herdados da administração Biden, no terrível acidente que matou 62 pessoas em Washington, causado pelo choque entre um helicóptero militar e um avião comercial, a apenas um quilômetro da Casa Branca. Houve um evidente afrouxamento da administração Biden, com queda da meritocracia graças às políticas populistas, face às exigências técnicas em relação à escolha dos profissionais que prestam serviços ao governo, numa área tão sensível como a dos controladores de voo. Isso para não falar nos erros dos agentes de segurança que possibilitaram o atentado contra o candidato Trump. O próprio presidente registrou o seu descontentamento com a frouxa performance dos controladores de voo no acidente fatal.
Que Trump veio para colocar os interesses dos Estados Unidos em lugar de destaque, ficou claro na rápida resposta dada ao governo colombiano, quando da negativa das autoridades do país andino para que pousassem dois aviões que conduziam deportados por entrada ilegal em território estadunidense. O Presidente americano não pestanejou para dar uma resposta incisiva: cancelamento imediato dos vistos de entrada em território americano do presidente Petro e dos seus familiares, assim como de todos os membros do seu primeiro escalão, bem como dos filiados ao Partido do governo. Decisão políticamente incorretíssima para os padrões de pusilanimidade postos em prática pelos governos esquerdistas americanos, ao longo das últimas décadas. A retaliação não parou aí: foi decretado aumento sensível de 50 por cento da taxa de imposto dos produtos colombianos no mercado americano, em face da ameaça do presidente Petro de aumentar o imposto de entrada de produtos americanos no mercado colombiano. No Brasil, o presidente Lula teve de passar a controlar a língua, para evitar as medidas draconianas com que Trump decidiu disciplinar as políticas antiamericanas, no setor do comércio internacional.
Uma marca registrada das políticas republicanas, ao longo da história, é a decisão em prol de manter decididamente a posição americana de poder no conturbado cenário internacional. Foi assim com o presidente Theodor Roosevelt (que governou os Estados Unidos entre 1901 e 1909) e com o presidente Ronald Reagan (que governou entre 1981 e 1989). Para tornar concreta a sua política do “big stick”, Roosevelt não pestanejou em tomar o Canal do Panamá, diante das dilações do governo colombiano que tornaram incerto o futuro dessa região, contrariando os interesses comerciais norte-americanos. Atitude intervencionista clara revelou o presidente Trump frente às pretensões chinesas em face do canal interoceânico. As coisas mudaram em relação à atitude do governo americano para com os poderosos de plantão, a China e a Rússia: não ousem proferir ameaças aos Estados Unidos e aos seus aliados. O presidente americano, de outro lado, deu um forte recado ao mundo islâmico ao condenar decididamente o terrorismo do Hamas na Palestina e ao prestigiar o primeiro-ministro israelense, que será o primeiro mandatário a visitar os Estados Unidos na atual administração. Do lado da América Latina, Trump não esconde a sua simpatia com o governo libertário de Milei na Argentina. Um duro recado aos socialistas latino-americanos, a começar pelos partidários de Lula.
Lembremos, para destacar a decisão de que são portadores os republicanos no exercício do poder, as duras políticas antiestatizantes do presidente Reagan, que deram continuidade à política favorável ao livre empreendedorismo, que já tinha posto em prática como governador da Califórnia, onde extinguiu 200 mil empregos públicos. O fato de Trump ter colocado em posição de destaque, no seu gabinete, um brilhante empresário do setor das novas tecnologias de comunicação como Elon Musk, revela o caminho de inovação que a gestão republicana terá em face da pesquisa científica e da busca da liberdade de comunicação no mundo digital.
Não poderíamos deixar de mencionar que foram os republicanos que deram um marco seguro à prática da livre iniciativa, com a corajosa legislação antitruste posta em marcha por Theodor Roosevelt, que abriu as portas à massiva industrialização americana das primeiras décadas do século XX, superando definitivamente a antiquada política leseferista da primeira etapa do capitalismo no final do século XIX. Nem poderíamos deixar de lembrar que, em matéria de “educação de gênero”, Trump não tem papas na língua: nada de políticas inspiradas na tal ideologia, porque o sexo é a natureza que define e não os políticos. E, no terreno da religião, valha destacar a firmeza do presidente americano na defesa da liberdade religiosa e, notadamente, do cristianismo neste conturbado mundo. Apontemos, de outro lado, a dura política de responsabilidade individual que Trump decidiu pôr em funcionamento, para com os universitários americanos que participaram das assembléias e passeatas favoráveis aos terroristas do Hamas e do Hezbolah ao longo do ano passado. Segundo determinação presidencial, eles serão identificados e excluídos sumariamente do generoso sistema de bolsas para cursar estudos universitários.
Ora, recordemos que a ditadura tupiniquim que ora nos assombra foi erguida contra a vontade da Nação e contando com o evidente apoio de Joe Biden e do Partido Democrata. Como a imprensa noticiou, oficiais de alta patente foram enviados pelo Departamento de Estado, a fim de pressionar os militares brasileiros para não intervirem em face do golpe que estava sendo tramado pelo STF e o PT, para tirar Lula da prisão a fim de que se candidatasse à presidência.
Tendo mudado significativamente o contexto da política internacional com a vitória esmagadora de Donald Trump nos Estados Unidos, esperamos que o governo brasileiro reveja as coisas em matéria de política nacional, a começar mediante a volta do respeito às duas instituições essenciais para a sadia vida política: a defesa incondicional da liberdade de expressão dos cidadãos e a preservação da representação dos seus interesses no Congresso e nos Corpos Colegiados pelo Brasil afora, suspendendo imediatamente a vergonhosa prática da cassação de mandatos dos que foram eleitos pelos brasileiros para representa-los. E acabando, de vez, com a estúpida prática do fechamento de jornais e portais eletrônicos, quando criticam os desacertos da política do presidente Lula, que já se caracteriza, perante a opinião pública, como um mentiroso contumaz que nega os desastrosos índices de falência da nossa economia.
publicadaemhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/trump-e-a-terceira-revolucao-conservadora-americana/