Alex Pipkin
Contra fatos não há argumentos. Tristemente, e mais uma vez, a administração pública do governo vermelho, verde-amarelo, pode ser equiparada a uma nau desgovernada. Vige no Brasil atual uma série de políticas públicas populistas que, embora, “na casca”, aparentem trazer no seu bojo uma “preocupação popular”, de forma concreta, vão de encontro aos interesses populares. São inegavelmente contraproducentes.
O populismo “progressista” apela retoricamente ao “povo”, contrapondo-o a uma espécie de elite “exploradora”. Um presidente populista vale-se da geração de políticas públicas baseadas nas emoções e naquilo que supostamente deseja o povo, aplicando o equivocado populismo do “bom senso” ao invés do comprovado conhecimento e do senso econômico.
Comprovadamente, o que cria crescimento econômico sustentável e que transborda para o social é uma economia operando com mercados livres, com tributação justa, dotada de equilíbrio fiscal e liderada pelo setor privado.
Populismos do tipo “o petróleo é nosso” e a respectiva implementação de políticas nacional-desenvolvimentistas, política industrial e arbitrário intervencionismo estatal, regulando a tudo e a todos, além do nocivo excesso de protecionismo, soam como música para os ouvidos populares. No entanto, constituem o receituário do engano.
O fechamento econômico e a proteção da indústria são deletérios para a população, que passa a ser obrigada a pagar preços mais altos por produtos de pior qualidade, deixando-a com menos dinheiro no bolso para consumir outros produtos e/ou serviços. Na verdade, o protecionismo impacta negativamente a estrutura de custos industriais, uma vez que a indústria é impedida de importar bens e serviços mais especializados e com menores custos, impedindo o processo de inovação industrial.
O populismo negligencia os ganhos de mercados livres e as vantagens comparativas e competitivas entre as nações.
A turma econômica petista desconhece, por exemplo, o efeito Peltzman. Esse efeito sugere que, quando políticas públicas são implementadas para aumentar a segurança e/ou o bem-estar, as pessoas podem alterar seu comportamento de forma que compensem esses ganhos, tornando-se mais propensas a assumir riscos. Posto de forma pragmática: por que buscar e trabalhar, já que o indivíduo pode se manter por meio de programas sociais, além de “bolsas” e mais uma infinidade de outras “bolsas”?
O assistencialismo social incentiva comportamentos que, em última análise, diminuem a eficácia de políticas públicas “progressistas”. As pessoas se tornam menos diligentes em economizar ou buscar emprego se sentirem que têm um “colchão” de segurança proporcionado por tais políticas. O governo petista, perdulário e irresponsável, abertamente opta pelo endividamento público ao invés de centrar seus esforços no corte de gastos – por exemplo, na reforma administrativa. Persiste em gastar, cada vez mais, ao invés de assumir um comportamento mais prudente em relação aos notórios riscos presentes.
Desafortunadamente, governos petistas têm como regra básica se endividar, já que existe uma percepção deturpada de que há uma capacidade ilimitada de gastar – a ilusão de de que o poço não tem fundo -, desconsiderando os riscos presentes e atuando com total imprudência fiscal. A turma econômica petista dá de ombros para a expansão do gasto público, despreocupada com seus impactos negativos a longo prazo.
O pior advém dos nefastos incentivos ao comportamento de risco das pessoas. Os indivíduos passam a acreditar que o governo sempre intervirá para resolver problemas econômicos e, portanto, a população se torna negligente em seus comportamentos e em suas próprias decisões financeiras, aumentando a dependência de tais políticas públicas.
Mas o governo petista não arca com as consequências negativas de suas políticas equivocadas e irresponsáveis. A incompetência econômica é gritante. O populismo os cega, intencionalmente, da necessária responsabilidade fiscal, explicada pelo efeito Peltzman. A irresponsabilidade os faz pensar que são semideuses que podem tudo, adotando um comportamento arriscado e completamente imprudente e destrutivo.
Inexistem conhecimento econômico e responsabilidade nesse desgoverno populista e perdulário. “Progressistas” desconhecem a indispensável disciplina para a sustentabilidade fiscal, implementando políticas populistas e descabidas e gerando incentivos opostos ao efetivo bem-estar popular. O resultado todos conhecem: comportamentos do “povo” despropositados e incongruentes, incentivadores da dependência e da imprevidência popular. Causam-me verdadeiros arrepios quando ouço a turma petista anunciar políticas e programas referidos como sendo “para o bem popular”! Até quando?
publicadaemhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/o-populismo-desacertado/
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