por Guilherme Fiuza
O avanço do processo de geração de riquezas depende da reformulação do Estado em modo de emergência. O socorro agora são as reformas
Paulo Guedes disse que o Brasil vai surpreender o mundo. Isso foi no auge da pandemia.
Agora o ministro da Economia diz que os sinais confirmam a tendência de recuperação nacional em V — ou seja: após a queda acentuada decorrente das paralisações, uma retomada econômica acelerada.
Nesse cenário, o PIB cairia em torno de 5% (ou menos) — o que de fato seria surpreendente em relação à maioria das projeções iniciais, quando foi reconhecida a calamidade.
É ver para crer, nesse quadro tumultuado que derruba projeções a cada esquina e ninguém consegue saber onde é o pico da incerteza.
O certo é que o risco Brasil fechou agosto no menor nível em seis meses — ou seja, retornou ao patamar de antes da pandemia, que por sua vez era o menor desde a ruína petista.
A arrumação da casa nos últimos três anos tinha resgatado o país da maior recessão da sua história — combinação de incúria e assalto — e ninguém diria que a recessão voltaria tão rapidamente, como acaba de ser constatado com a divulgação do PIB do segundo trimestre.
Deve ter sido por pura identificação que Lula disse que “felizmente a natureza criou esse monstro chamado coronavírus”.
De certa forma, o ex-presidiário fez o seu sucessor. Ainda vão brigar entre si para ver quem destruiu mais.
Os demagogos que radicalizaram as medidas de asfixia social agora fingem que o auxílio emergencial pode ser eternizado
Para quem é de construir, o nome do jogo agora é fugir da depressão — um flagelo que legaria vários anos de penúria até a recuperação dos indicadores pré-pandemia.
Aí, sim, a covid deixaria Lula no chinelo.
E uma segunda década perdida em tão pouco tempo muda os rumos de uma nação — para muito pior.
O que o ministro Paulo Guedes está dizendo é que as chances dos brasileiros de escapar desse destino trágico são boas.
Mas tudo depende dos próximos passos que o país (não só o governo) vai se dispor a dar.
Apesar do tombo pandêmico, a economia manteve os “sinais vitais” — como diz o ministro.
Mas isso se deveu principalmente ao socorro governamental.
O programa de transferência de recursos públicos para pessoas e empresas — entre auxílio emergencial, créditos especiais, adiamento de vencimentos e outras medidas — foi bem operado.
A explosão do desemprego em decorrência dos bloqueios sanitários foi reduzida por regimes trabalhistas especiais para evitar demissões.
Muitas vidas certamente foram salvas pelo socorro estatal.
Não foi um milagre.
Foi a criação de uma dívida de quase R$ 1 trilhão.
Como decolar em V com um papagaio desses nas costas?
Só existe um caminho: gerar riqueza num ritmo sem precedentes.
Os demagogos que radicalizaram as medidas de trancamento e asfixia social agora fingem que o auxílio emergencial pode ser eternizado.
Nenhuma surpresa.
Sempre foram parasitas — e, como todo parasita, burros: atacam o hospedeiro para poder sugá-lo.
Talvez por isso vivam repetindo que a pandemia veio para ficar.
Suas chances de futuro se resumem a um surto que nunca acabe.
No Congresso, eliminou-se o componente refratário: a predisposição à sabotagem
O Estado fez a sua parte quanto à transfusão de sangue para a sociedade.
Agora o futuro dela depende de sangue privado.
E o caminho para uma performance excepcional no processo de geração de riquezas depende da reformulação do Estado em modo de emergência.
O socorro agora são as reformas.
Para escapar de ser engolido pelo rombo da pandemia, o Brasil precisa completar a tríade da reestruturação do Estado — que se iniciou com a reforma da Previdência e se completará com a administrativa e a tributária.
Há um excelente sinal no horizonte: 2019 foi um ano de grande conflagração política, e ainda assim Executivo e Legislativo se entenderam na hora de dar o grande passo; agora, por incrível que pareça — e com toda a instabilidade trazida pelo vírus do oportunismo —, o ambiente entre os dois poderes está menos inflamado.
Especialmente da parte de Jair Bolsonaro e de Rodrigo Maia vem se desenhando um pacto.
Já foi afirmado quanto ao teto de gastos e quanto à reforma tributária. Isso não pressupõe ausência de conflitos e negociação fácil.
Apenas retira o componente refratário — isto é, a predisposição à sabotagem.
Basta isso.
Até no STF já surgiu, da parte do ministro Marco Aurélio Mello, a voz contra o jogo de armadilhas.
Ou a Suprema Corte corrige seu rumo, ou ficará falando sozinha.
A História reconhecerá — e recompensará — todos os que apostarem na união para salvar os brasileiros.
Revista Oeste
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