Jornalista Andrade Junior

sexta-feira, 11 de abril de 2025

O “grande orador”

Alex Pipkin 


Quando o “grande orador”, o atual presidente brasileiro, fala de improviso, ele revela ao mundo a sua verdadeira forma de pensar. Não se trata apenas de uma falha de comunicação ou um deslize momentâneo. Ao contrário, é uma janela aberta para a verdadeira mentalidade do presidente falastrão.


No caso de Luiz da Silva, o que se vê através dessa janela é um espetáculo de gafes, piadas tenebrosas e comentários que vão além do inapropriado. Revelam uma face perversa, a face do falastrão que, quando não dispõe de script preparado, mostra sua real e tacanha visão de mundo.


O presidente, desde que retornou ao cenário político em 2023, não esconde quem realmente é. Seus improvisos deletérios revelam suas fragilidades como líder, expondo seu desrespeito, sua insensibilidade e, muitas vezes, sua total falta de noção sobre o impacto de suas palavras – num português sofrível.


A lista de atrocidades proferidas é abissal. Ele se permitiu fazer uma piada sobre a violência doméstica ao tentar explicar o aumento dessa violência em situações de jogos de futebol: “Se o cara é corintiano, tudo bem”. Ele trivializou a gravidade do problema, como se a violência contra a mulher pudesse ser compreendida com base em critérios tão fúteis quanto a escolha de um time de futebol.


Em outro momento, ao falar sobre uma jovem negra, ele se permitiu dizer: “Uma afrodescendente assim gosta de um batuque”. Sintetizou uma identidade inteira a um estereótipo racista, ofendendo a jovem e perpetuando a ideia de que negros só podem se destacar em atividades relacionadas à música ou ao esporte, um clichê deplorável. No Rio Grande do Sul, afirmou: “Não sabia que aqui tinha tanta gente negra”. Declaração ignorante e racista.


Mas o pior veio quando, ao justificar a baixa representação de mulheres e negros em seu governo, afirmou que isso acontecia porque “a oferta é menor”. Escárnio.


Mais uma pérola: “Vocês não vão me ver de andador”, desdenhando dos brasileiros com deficiência, uma postura completamente desrespeitosa. Já sobre o continente africano, disse: “Nós temos profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão”. Não há palavras suficientes para descrever a insensibilidade histórica dessa frase, que não apenas ignora a dor e a violência do passado, mas também sugere que o Brasil deveria “agradecer” pelo trabalho escravizado.


Finalmente, sua justificativa para nomear Gleisi Hoffmann como ministra foi ainda mais surreal. “Por isso eu coloquei essa mulher bonita para ser ministra”, disse, como se a competência de uma mulher fosse medida pela sua aparência física e não por suas habilidades; uma mulher objeto.


Tais falas abjetas geram divisões sociais, alimentando ódio e ressentimento. Internamente, suas declarações reforçam preconceitos, distorcem a realidade e alimentam um ambiente de intolerância. Externamente, ele prejudica as relações internacionais do Brasil, com ataques diretos a países aliados, como ao presidente Trump nos Estados Unidos, além de desprezo pelas figuras políticas que não compartilham de suas ideias desarrazoadas.


Suas palavras não apenas refletem uma visão distorcida da realidade, mas também têm um impacto negativo profundo. Sua postura irresponsável enfraquece a imagem do Brasil, colocando em risco nossa credibilidade externa e prejudicando relações diplomáticas com países estratégicos.


O mais alarmante é que ele não se envergonha de tais palavras. O improvável, no seu caso, é um retrato fiel daquilo que ele realmente pensa. Constituindo um espetáculo deprimente, sua fala é apenas mais uma fonte de escárnio, não de inspiração. A cada gafe, ele reforça a ideia de que o improviso, na verdade, é um espelho da mente de quem (des)lidera, refletindo indignidade.


Todos prontos para um novo e breve show de horrores?















publicadaemhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/o-grande-orador/

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