Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 14 de abril de 2025

'Os Gigolôs da Anistia',

 por Augusto Nunes  Os perdoados de 1979 inventaram a 'perseguição reflexa'


E m 4 de fevereiro de 2023, ao ser contemplada com a quinta Bolsa Ditadura, Dilma Rousseff estabeleceu um recorde inacessível aos demais brasileiros (quase 90 mil) socorridos por indenizações e mesadas distribuídas pela Comissão de Anistia federal e suas ramificações estaduais. Meses antes, ainda no governo Bolsonaro, a reivindicação fora rejeitada depois da descoberta de que a pedinte já era bolsista no Rio Grande do Sul, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Animada com a volta de Lula ao poder, Dilma recorreu ao Tribunal Regional Federal de Brasília. E o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho botou na cabeça que a requerente merecia ao menos mais R$ 400 mil pelo que lhe fizeram (não pelo que ela fez) há mais de 50 anos. 


Excluída da multidão de quase 40 novos ministros, uma Dilma decepcionada não desconfiou que viveria um ano de sonho. Ao garantir a quinta bolsa, a mineira sovina e rabugenta apenas abrandou a carranca. Mas até esboçou um sorriso ao saber, em março de 2023, que o padrinho resolvera indicá-la para a presidência do Banco do Brics. O Brasil jamais será para amadores. Sem a anistia em 1979, uma terrorista de folga não teria sido ministra de Minas e Energia, chefe da Casa Civil e presidente da República. Se não fosse anistiada, a jovem assaltante de bancos não viraria presidente de banco já setentona.

Neste março, um acerto entre Lula e o companheiro Vladimir Putin prolongou por mais cinco anos o vidaço de Dilma em Xangai, cidade chinesa que hospeda a sede do banco. Fora os penduricalhos, ela ganha cerca de R$ 400 mil por mês. Ficam por conta do banco despesas com moradia, deslocamentos terrestres ou aéreos (na primeira classe), criadagem de luxo e assessores que lhe permitem ser fluente apenas em dilmês. A monoglota sem remédio diz alguma coisa no subdialeto que pariu, o intérprete a tiracolo traduz o mistério em alguma língua de gente. Dilma só precisa fingir que dirige o banco administrado por economistas de verdade. Nenhum deles escaparia da demissão imediata, por decisão unânime dos que efetivamente mandam na sigla, caso dissesse durante uma reunião do Brics que trinta por cento não é trinta por cento, é trinta por cento de trinta por cento. 


Nesta semana, sites estatizados confirmaram que a banqueira de picadeiro resolveu usar parte do tempo que tem de sobra para intrometer-se em assuntos do país que só não destruiu de vez por falta de tempo. “DILMA É CONTRÁRIA À ANISTIA”, noticiaram nesta semana sites companheiros. “DOS OUTROS”, deveriam ter acrescentado os jornalistas. Decididamente, os perdoados não perdoam. Como os napoleões de hospício que acharam possível derrubar o governo militar com revólveres calibre 22 furtados dos pais, as joanas d’arcs de cabaré enxergam perigosas fascistas em moças que lutam com batom ou golpistas dispostos a matar ou morrer em vendedores de algodão-doce, pipoca ou sorvete, sexagenários enfermos e mendigos que estavam zanzando no lugar errado. 

Aos olhos dos gigolôs da anistia de 1979, os participantes do golpe que não houve merecem todos os infernos. Quem não é devoto de Lula não tem direito sequer à liberdade. Já a fila que há mais de 30 anos avança do lado esquerdo não pode diminuir. As comissões da anistia continuam a reunir-se regularmente para distribuir dinheiro. Já faz tempo que filhos de “perseguidos políticos” herdam as mesadas dos pais. A novidade deste 2025 é o crescimento do número de vítimas de “perseguição reflexa”. 


No glossário dos caçadores de dinheiro fácil, isso acontece quando “perseguições políticas sofridas por terceiro se refletem na vida do requerente”. As turbulências enfrentadas pelo avô revolucionário perturbaram a tranquilidade mental do neto? O prejudicado agora marmanjo que procure a comissão de anistia mais próxima. 


Os netos de Dilma são dois. Não parece fácil ter uma avó assim. Não custa nada consultar algum especialista em perseguição. \


Direta ou reflexa.




Augusto Nunes, Revista Oeste











publicadaemhttps://rota2014.blogspot.com/2025/04/o-gigolo-da-anistia-por-augusto-nunes.html


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