Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

'No rumo de 2026',

  por Alexandre Garcia


Terminou a corrida municipal e já começa o aquecimento para a eleição presidencial, o que é indício de que o atual governo não vai bem. Consolidou-se no segundo turno municipal a força da centro-direita, que se espalhou pelos municípios brasileiros no primeiro. A esquerda encolhe; o símbolo do PT se torna uma estrela cadente. O partido nem sequer teve candidato para a prefeitura de São Paulo, onde foi criado, tendo que apoiar o candidato do Psol, sigla que não elegeu prefeito algum. Dos 39 municípios da grande São Paulo, região de operários e berço de sindicatos, o PT ficou com apenas uma prefeitura, tal como o PDT e o PSB. 


Lula nem foi a São Bernardo votar, e a alegação oficial foi a de que já não é obrigado, pelos 78 anos de idade; seria melhor ter assumido o motivo real — o risco de voar com hematoma intracraniano. O segundo turno mostrou quase empate em Fortaleza, Pelotas e Ribeirão Preto — onde a diferença foi de 687 votos. Casos em que normalmente um lado pede recontagem manual dos votos, mas hoje isso não é possível, deixando dúvidas eternas. Em 2022, foi Lula 50,9% x Bolsonaro 49,1%. 


Em Camaçari, Campo Grande, Olinda e Caxias do Sul, o resultado foi parecido: um apertado 51% a 49%. No primeiro turno, todos os eleitos em capitais já eram prefeitos; no segundo, repetiu-se o favoritismo de quem já detinha o Executivo municipal em Palmas, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. Partidos mais à esquerda, como PSTU, PCB, PCO, além do Psol, não elegeram prefeito algum, assim como ficaram fora de prefeituras de capitais o PSDB, o PDT, o PCO e o Cidadania (ex-PCB). O PT ficou só com Fortaleza e está em nono lugar em prefeituras.


Curitiba mostrou que é possível uma pessoa sem fundo partidário, sem dinheiro, boicotada pela mídia e, na prática, candidata avulsa chegar ao segundo turno com 43% dos votos válidos. Cristina Graeml disputou com o vice-prefeito Eduardo Pimentel — apoiado pelo prefeito Greca, pelo governador Ratinho Júnior e pelo ex-governador e seu avô, Paulo Pimentel — e chamou a atenção nacional pela determinação e coragem, como candidata saída de aspirações populares, e não de diretórios partidários e acertos políticos. Na prática, uma candidata avulsa. Não foi eleita, mas é vitorios.


Na maior eleição, São Paulo, também surgiu um personagem sem biografia partidária: Pablo Marçal, que quase foi para o segundo turno, insistiu em participar da decisão, e aí se perdeu. Acabou dando palanque a um dos candidatos, e deixou à mostra o objetivo de se promover; cometeu erros de tática e estratégia e acabou perdendo o que conquistara. Em Goiânia, o governador Caiado mostrou força para 2026, depois que seu candidato derrotou o de Bolsonaro e do deputado Gustavo Gayer. Este, abalado pela visita da Polícia Federal, atribuiu a derrota a Caiado e o chamou de “canalha” nas redes. Houve troca de farpas entre Caiado e o casal Bolsonaro e Michelle. 


A reação emocional esquece que, se a centro-direita se dividir, abre espaço para a esquerda em 2026. O pragmatismo de Tarcísio — com Republicanos, PSD e MDB — deixa lições, pois dividir a centro-direita será o objetivo da esquerda neste pré-2026, se, por sua vez, o PT tiver resolvido seus próprios rachas. O vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, disse que escolher Boulos como candidato foi um erro. E o articulador político do governo, Alexandre Padilha, após avaliação com Lula, fez gozação com a fraqueza eleitoral do partido. Que, segundo ele, não saiu da zona de rebaixamento. 


A presidente do PT respondeu nas redes sociais que Padilha deveria cuidar do seu trabalho, que, segundo ela, prejudicou o PT. As relações entre Gleisi e o Palácio do Planalto parecem estar na mesma temperatura do contato Bolsonaro-Caiado. Além disso, o apoio de Lula a adversários do MDB gerou vetos ao presidente e ao PT por parte de prefeitos eleitos, como os de São Paulo e Porto Alegre. Pelo que disse o ex-presidente Temer, após esta eleição, o MDB vai tomar rumo contrário ao da esquerda. O novo objetivo já é 2026.




Alexandre Garcia, Revista Oeste
















publicadaemhttps://rota2014.blogspot.com/2024/11/no-rumo-de-2026-por-alexandre-garcia.html

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