Sílvio Lopes
A literatura tem se ocupado da questão, as ciências -a pura e as ditas sociais - também. E com sobradas razões. O tema é relevante, e a cada dia ganha relevância ainda maior. Afinal de contas, por que as pessoas boas se tornam más?
"Tenho me esforçado para não rir das atitudes humana, para não chorar por elas e para não as odiar, e, sim, as entender." É a forma como eu, Sílvio, tenho tratado desse tema que suscitou a citada observação de Baruck Spinosa, filósofo do século XVII.
Diferente dos estoicos, Spinoza defendia que a razão sobrepõe- se ao afeto( emoções). Haja fortaleza mental que possa superar e transpor nossas atitudes puramente emocionais!
Para ele, "o mecanismo que faz de nós a espécie mais generosa também faz de nós a espécie mais cruel do planeta". Não é que ele tem total razão?
Quando um governante é tomado pela face mais cruel que sua espécie é capaz de sustentar e liberar( caso atual que nos contempla, infelizmente), a sociedade ruge de dor, milhões se tornam párias desencontrados e sem rumo, o declínio moral se precipita e a devastação ética se torna imperiosa e implacável.
É oportuno lembrar que desde o fim da Segunda Guerra Mundial, surgiram variações diversas sobre a "teoria do verniz", tendo por base evidências irrefutáveis. Hobbes, trezentos anos antes, denunciava que " a maldade fervilhava logo abaixo da superfície de todos os seres humanos". O tal verniz dissimulava...
Como observou Spinoza, tento entender o processo de vingança e crueldade deflagrados contra a sociedade brasileira por alguém que um dia se apresentou como cheio de humanidades, libertário e democrata, e hoje tem, finalmente, seu verniz removido e sua face desmascarada e exposta ao vento.
Por mais que acreditemos na bondade, na generosidade e na colaboração entre os humanos, não há como ignorar que é justo no campo da política onde o pior das pessoas encontra terreno fértil para se desenvolver e mostrar, integralmente, a plenitude de sua insana crueldade. O Brasil não tem hoje concorrente que lhe possa competir nesse quesito. Triste demais.
* O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante.
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