Marcos Machado
A mais recente sondagem da Futura-Apex revelou que, para 53,5% dos brasileiros, a economia do país está “pior do que há quatro anos”. Ainda, 52,4% dos entrevistados declararam que a percepção da corrupção aumentou nos últimos três anos.
Mais da metade da população olha para o dia a dia com pessimismo e com a sensação de que não passa cartão, e sim aperto.
O diagnóstico da pesquisa confirma o que muitos já sabem por experiência própria: as contas do mês nunca fecham, o custo de vida não espera, os salários empalidecem e a promessa de “vida melhor” soa cada vez mais como piada de mau gosto. Com inflação persistente, desemprego maquiado e preços de alimentos e serviços que sobem sem um real poder de compra para acompanhar, a população se sente sufocada.
O aumento da percepção de corrupção mina a paciência da sociedade. Não se trata apenas de escândalos eventuais, mas de um padrão de impunidade e ineficiência institucional que persiste. A noção de “a economia piorou” ganha corpo quando se enxerga que o dinheiro público continua sendo mal administrado, ou desviado, enquanto o cidadão comum arca com o desastre.
Os dados também têm um reflexo direto na avaliação do governo: o atual presidente é desaprovado por 52,8% dos brasileiros.
Não por coincidência: a percepção de que o país está “no rumo errado” também domina, com 52,3% dos entrevistados afirmando que o Executivo falha em guiar o Brasil rumo a qualquer direção minimamente promissora.
Esse quadro se torna ainda mais grave quando lembramos que o Brasil continua sendo uma das economias mais desiguais do mundo. Em um país de enormes contrastes sociais, onde milhões lutam para não ficar no vermelho, a piora generalizada da economia e a corrupção endêmica corroem qualquer resto de coesão social, e minam a fé no futuro.
Sob tais condições, o lema implicitamente entoado por grande parte da sociedade poderia ser: “o brasileiro passava o cartão, agora passa aperto”. E não há eufemismo para disfarçar essa realidade.
É evidente: o desgoverno não se limita a falhas pontuais. Trata-se de um abandono sistêmico de negligência com a economia, com o bolso do trabalhador, com a moralidade pública e com a esperanças de quem, um dia, foi chamado a acreditar no “país do futuro”. E os números da Futura-Apex não mentem.
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