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A dívida do setor público consolidado brasileiro deve atingir 82,5% do Produto Interno Bruto até o fim de 2026, segundo projeção do Tesouro Nacional. Em setembro, o endividamento já somava R$ 9,75 trilhões, o equivalente a cerca de 78% do PIB, e segue crescendo mês a mês, impulsionado pela expansão dos gastos públicos e pela emissão de títulos para cobrir o rombo nas contas do governo. O cenário acende um alerta sobre o risco de insolvência fiscal, ou seja, a incapacidade do Estado de honrar suas obrigações financeiras sem recorrer a novas dívidas.
O Brasil está gastando mais do que arrecada, e a diferença vem sendo coberta com dinheiro emprestado. Cada título emitido pelo Tesouro é uma promessa de pagamento futuro com juros, o que significa mais despesas e menos espaço para investimento em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura. O problema se agrava porque, com os juros altos, o custo da dívida aumenta rapidamente, comprometendo uma fatia crescente do orçamento público.
O endividamento elevado também fragiliza a credibilidade do país. Quanto maior a dívida e maior o risco percebido, mais caro fica para o governo captar recursos. Isso gera um ciclo vicioso: o Tesouro precisa emitir mais títulos para pagar os juros da própria dívida, o que eleva ainda mais o estoque de débitos. O resultado é uma economia paralisada, com menos recursos disponíveis para políticas públicas e mais impostos pesando sobre o contribuinte.
Sem retorno
A arrecadação federal tem batido recordes, impulsionada por alta carga tributária e aumento na fiscalização. No entanto, o cidadão não vê retorno proporcional em qualidade de vida. Os hospitais continuam superlotados, a educação pública carece de estrutura, a segurança segue precária e as estradas deterioradas.
A pergunta inevitável é: para onde vai o dinheiro do contribuinte? Grande parte dele se perde no custeio da máquina pública, em subsídios mal direcionados, programas de baixa eficiência e despesas infladas que pouco contribuem para o desenvolvimento do país.
Outro ponto preocupante é a falta de transparência. Diversos gastos do Executivo têm sido colocados sob sigilo, dificultando o controle social e o acompanhamento das contas públicas. Essa prática vai na contramão do princípio da publicidade e fere o direito do cidadão de saber como é usado o dinheiro que sai do seu bolso. Sem transparência, aumenta o risco de desperdício, má gestão e corrupção, enquanto o déficit fiscal cresce e o endividamento se aprofunda.
Falência à vista
Especialistas alertam que, se nada for feito, o Brasil corre o risco de ver suas finanças públicas entrarem em colapso. O Estado pode até não quebrar formalmente, mas perderá capacidade de investimento e de prestação de serviços básicos. A solução passa por um ajuste fiscal sério, com controle efetivo de gastos, revisão de privilégios, combate a desperdícios e aumento da eficiência da gestão pública.
A dívida pública brasileira se tornou um espelho da irresponsabilidade com que o dinheiro do contribuinte vem sendo tratado. Enquanto a arrecadação cresce, o retorno social diminui. Sem transparência e sem disciplina fiscal, o país segue se endividando para sustentar um modelo insustentável.
No fim, é sempre o cidadão comum quem vai pagar a conta.
publicadaemhttps://doplenario.com.br/divida-publica-dispara-e-risco-de-falencia-e-real/





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