Percival Puggina
Durante décadas, a defesa do aborto alegava os riscos em que incorriam as mulheres nos abortos caseiros. Nós, pró-vida, concordávamos com isso e respondíamos ser essa uma boa razão para que abortos não fossem feitos, em respeito à vida da mulher e do feto. Abortistas, porém, queriam o “aborto seguro”, custeado pelo SUS, ou seja, pela sociedade.
Pois eis que, agora, com a telemedicina incentivada pela pandemia, abortistas aproveitam a oportunidade para pleitear o teleaborto, praticado pela mulher em casa, com teleorientação médica. O tal anseio por segurança e por proteção da vida da mulher vai, então, para o esquecimento porque um novo passo pode ser dado para a liberação total do aborto. A hipocrisia fica destapada, sim. E daí? Até agora ninguém apareceu com ar de encabulado para justificar essa súbita mudança de argumentos e de estratégia.
Acontece, caro leitor, que a defesa do aborto nunca foi uma causa humanista, ou feminista, ou machista (o homem irresponsável é grande beneficiário na quase totalidade dos abortos praticados no Brasil). É causa política que explora o egoísmo de muitos em favor de uma cultura que degrada a dignidade do ser humano e retira o valor de sua vida.
O fato de que o caminho para alcançar esse fim envolva uma narrativa sedutora e até mesmo uma poética não pode ocultar as pegadas percorridas ao longo do tempo, nem seu permanente objetivo final: um ser humano valendo menos do que as palavras dizem antes de acabar com ele.
publicadaemhttps://www.puggina.org/fique-sabendo-artigo/o-teleaborto-e-a-hipocrisia-abortada__6903
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