Roberto Rachewsky
Os EUA utilizam voos para deportação há décadas. As deportações em massa começaram a ganhar força nos anos 1990 com políticas mais rigorosas sob o governo de Bill Clinton e continuaram a ser expandidas em administrações posteriores, tendo atingido seu ápice na gestão de Barack Obama.
As deportações feitas por Biden e agora por Trump não são, portanto, nenhuma novidade. A diferença entre Trump e todos os outros foi o escarcéu que o atual presidente americano fez ao usar os imigrantes ilegais como bodes expiatórios dos problemas americanos com violência interna.
Alguns países que sempre acolheram deportados dos EUA desta vez se recusaram a fazê-lo sob diversos argumentos. Sabe-se, no entanto, que estavam querendo mostrar força perante Trump, sabidamente um bully que não gosta de ser contrariado.
Existe um caso que pode servir de exemplo para o que vou propor. Um cidadão brasileiro, Sinval de Oliveira, de 51 anos, viveu nos Estados Unidos por 35 anos antes de ser deportado. Durante esse período, ele esteve envolvido em atividades ilegais que resultaram em sua condenação por lavagem de dinheiro.
Em março de 2022, Sinval se declarou culpado de conspiração e lavagem de dinheiro, relacionados a fraudes que totalizaram US$ 5,1 milhões. Antes de sua prisão, ele participava dessas atividades fraudulentas, que culminaram em sua condenação e subsequente deportação.
Três perguntas cabem aqui:
Se Sinval, em vez de se tornar um criminoso, praticando estelionato, tivesse tido outra conduta e trabalhado sem recorrer à violência, uso de força ou fraude, ele teria sido pego e deportado? Não, ele não teria entrado no radar das autoridades. Seria pego se alguém o denunciasse. Ele, um imigrante ilegal, sem documentos, viveria como um americano.
Qual a responsabilidade do estado brasileiro sobre o Silval, um produtivo cidadão americano de fato, mas não documentado? Nenhuma.
Sinval abdicou da cidadania brasileira para viver no estrangeiro. Fez isso por vontade própria, de forma livre e voluntária. O governo americano não sabia que Sinval estava lá e não podia impedir que ele estivesse. Da mesma forma, o governo brasileiro não tem culpa do Sinval ter passado 35 dos seus 51 anos, ou seja, desde os 16 anos de idade, em solo americano.
Sinval é hoje problema dos EUA e deve ser tratado de acordo com a lei americana como se ele fosse um americano. O que serve para o Sinval deve servir para todo estrangeiro que entra ilegalmente nos EUA. Deve cumprir sua pena.
Por outro lado, se o governo da terra natal do imigrante ilegal quiser acolhê-lo espontaneamente, deve mandar um avião buscá-lo.
publicadaemhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/o-que-eu-penso-sobre-as-deportacoes-dos-estados-unidos/
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