por Bernardo Mello Franco FOLHA DE SÃO PAULO
Nos períodos de crise, a roda da história parece girar mais rápido. A
sensação se repete no Brasil de 2015, que vive um clima de tumulto
permanente com a Lava Jato, a volta das manifestações e o
enfraquecimento do governo Dilma Rousseff.
Em sete meses e meio, já assistimos ao maior protesto popular desde as
Diretas, à prisão do principal empreiteiro do país e ao veloz
encolhimento da presidente da República, reeleita há menos de um ano.
O colapso do governo chegou a ser visto como irreversível, mas a última semana forneceu a Dilma um inesperado alívio.
Ela se reaproximou do PMDB do Senado, que conspirava para derrubá-la, e
ostentou o apoio dos movimentos sociais, que evitavam defendê-la. Ao
mesmo tempo, retardou processos que ameaçam seu mandato no TCU e na
Justiça Eleitoral.
Vozes do empresariado se pronunciaram contra uma ruptura política, e o
Planalto retribuiu com a adesão a um pacote pró-mercado, apresentado por
Renan Calheiros. Os dois movimentos afastaram o andar de cima do balão
do impeachment, que já estava esvaziado pela divisão interna do PSDB de
Aécio, Alckmin e Serra.
"Todo mundo baixou a bola. Dilma agora está caminhando na direção do
pacto das elites, uma velha tradição brasileira", resume o deputado
Chico Alencar, líder do PSOL.
A conciliação avança, mas ainda se ampara em um equilíbrio precário.
Mesmo que as manifestações deste domingo sejam menores, como aposta o
Planalto, a presidente continuará frágil. A Lava Jato não para, e a
crise econômica tende a se agravar, na contramão do discurso oficial.
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