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21:14
ANDRADEJRJOR
MERVAL PEREIRA O GLOBO

Para escapar da
armadilha do impeachment, que considera aventureiro, e da inércia
oposicionista, o deputado federal do PPS Raul Jungmann está empenhado em
transformar em debate político a questão da possibilidade de
investigação da presidente da República, levando o caso até o plenário
do supremo tribunal Federal.
Em nome da oposição, ele está
entrando com um recurso no STF contra a decisão reiterada do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de não investigar a
presidente. Janot se baseia no artigo 86 da Constituição Federal, que
diz que "o Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode
ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções"
(CF, art. 86, § 4º). [...]".
No meio desse debate, Janot mudou
sua maneira de abordar o assunto, alegando que mesmo que seja superado o
óbice constitucional, que segundo ele impede a investigação, não tem
"suporte fático" para uma investigação. Na conversa com os
representantes da oposição, Janot acrescentou um "por enquanto" que deu
esperanças a Jungmann de que, resolvida a questão constitucional, será
possível investigar a presidente se novos fatos surgirem nas
investigações da Operação Lava-Jato.
Todo grande objetivo da
oposição é que a questão seja discutida pelo pleno do STF, e quem vai
decidir é o Ministro Teori Zavascki, relator do processo. Ele já deu sua
opinião no primeiro despacho, alegando que não apenas a presidente da
República não pode ser investigada como não há no momento fatos a serem
apurados.
A oposição já entrou com um recurso no STF dizendo que:
a jurisprudência defende a investigação; esse é um tema que deve ser
decidido pelo plenário; Janot deu tratamento desigual a outros
nominados. Jungmann acha que a oposição está a reboque do PMDB,
esperando que Eduardo Cunha ou Renan Calheiros criem fatos.
A
esperança dele e da oposição é que prevaleça a jurisprudência do
Supremo, com base em parecer do decano Celso de Mello, que no Inquérito
nº 672/6, disse o seguinte: [...] De outro lado, impõe-se advertir que,
mesmo na esfera penal, a imunidade constitucional em questão [aquela do
Presidente da República] somente incide sobre os atos inerentes à
persecutio criminis in judicio. Não impede, portanto, que, por
iniciativa do Ministério Público, sejam ordenadas e praticadas, na fase
pré-processual do procedimento investigatório, diligências de caráter
instrutório destinadas a ensejar a informatio delicti e a viabilizar, no
momento constitucionalmente oportuno, o ajuizamento da ação penal".
Também
o ex-Ministro Sepúlveda Pertence tem parecer nesse sentido. Mesmo que
Zavascki decida levar para o plenário a questão, o que não é líquido e
certo, a oposição já entra com outro voto contra, além do de Zavascki.
Ontem, o Ministro do Supremo Marco Aurélio, que há alguns meses tinha
dúvidas sobre a questão e achava que ela merecia um debate mais
aprofundado no plenário do STF, disse que a Constituição veda a
responsabilização de um presidente durante o mandato, a fim de proteger o
cargo.
O comentário que fez lateralmente dá bem a ideia da
delicadeza da questão, que certamente será levada em conta se o tema for
debatido pelos ministros do Supremo: "Já está tão difícil governar o
país, imagine então se nós tivermos um inquérito aberto contra a
presidente da República?".
Para o Ministro Marco Aurélio, não há
perigo de impunidade, pois, após seu governo, Dilma poderá ser
investigada pela primeira instância. Caso vá adiante, o debate será
saudável para a democracia, mas é improvável que a oposição consiga
tirar do Supremo a permissão para investigar a presidente, sobretudo
porque até o momento não surgiram indícios claros de seu envolvimento,
embora mais de 70% da população esteja convencida de que ela tem culpa.
Se,
no decorrer das investigações surgirem novas informações envolvendo a
presidente, que desde 2003 coordena a área de energia do governo e ficou
à frente do Conselho de Administração da Petrobras durante os anos em
que o esquema funcionou, a questão poderá ser reaberta.
O
deputado Raul Jungmann acha que seria mais sábio que o Supremo desse a
permissão para investigar, confirmando sua jurisprudência, ficando à
cargo do procurador-geral da República a definição sobre o momento em
que os fatos exigirão uma investigação. Ou não.
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