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21:13
ANDRADEJRJOR
ELIANE CANTANHÊDE O ESTADO DE SÃO PAULO

Órgãos de inteligência
do governo, principalmente das Forças Armadas, passaram o 31 de março em
estado de alerta para detectar tanto provocações de "oficiais de
pijama" quanto manobras do "exército do Stédile" e, assim, tentar evitar
confrontos. E o que aconteceu? Nada. Poucas vezes antes neste país o 31
de março passou tão em branco. Desta vez, a crise corre ao largo dos
militares.
O temor em Brasília era de que, neste clima político,
com crises variadas, a popularidade de Dilma Rousseff no chinelo e
depois de milhões de pessoas protestando no 15 de março, o aniversário
do golpe militar de 1964 servisse de pretexto para novas demonstrações
de força e embates de rua, com resultados imprevisíveis. O temor não se
confirmou e, no final do dia, a sensação na capital da República era de
alívio.
Foi como se tivesse havido um acordão entre os militares
da reserva e os militantes de Lula/Stédile para ninguém botar mais lenha
na fogueira, para os dois lados não saírem às ruas. Não houve acordo,
obviamente, só uma avaliação fria de que não estão fortes o suficiente
para mobilizar massas e provocar comparações.
Apesar de toda a
insinuação prévia de que haveria novos atos públicos, o PT preferiu se
trancar em "plenárias", lambendo as feridas, preparando o congresso de
junho e tentando traçar o futuro numa frente com MST, CUT, UNE e
acessórios que, em nome de uma guerra extemporânea entre "direita" e
"esquerda", engolem qualquer coisa, até o indigesto desmanche da
Petrobrás.
Essas plenárias do partido são como uma pausa para
pensar, num momento em que a popularidade da presidente bate no fundo do
poço (12% de aprovação?!) e ela reza para São Levy fazer chover e
conseguir aprovar no Congresso as correções dos imensos erros que ela
própria cometeu no primeiro mandato.
Do outro lado, o militar, o
que houve foi mais do mesmo: almoço de oficiais da reserva no Clube
Militar, uma meia dúzia gritando palavras de ordem do lado de fora e
outra meia dúzia fazendo confusão em local fechado de São Paulo. Nada
que mereça o título de "manifestação". Isso só reforça que, desta vez,
as Forças Armadas não têm nenhum protagonismo. Mesmo nos bastidores, os
militares debatem a crise como qualquer cidadão: com espanto. Sem
intenções, sem objetivos.
São os agentes políticos que estão em
retiro espiritual, não exatamente por causa da Semana Santa, mas para
tentar entender a dramaticidade do momento, projetar os cenários
possíveis e já se contorcendo para poder mais adiante se encaixar em
diferentes hipóteses.
Dilma está em suspenso, à espera de Levy.
Levy depende desesperadamente do Congresso. O Congresso é todo olhos e
ouvidos para as ruas. Lula e o PT, atarantados, pedem socorro para as
centrais e movimentos engajados. Os movimentos engajados descobrem que
não é hora de medir forças com as classes médias irritadas. E a
oposição, um tanto deslocada do centro da cena, fica atenta à panela de
pressão para decidir a hora de aumentar ou de diminuir o fogo. Além de
avaliar se poderá, ou não, assumir algum tipo de liderança nas
manifestações de rua e se chegará, ou não, o momento de jogar algo, ou
alguém, na fervura.
A próxima grande manifestação popular está
prevista para 12 de abril, primeiro domingo após a Páscoa, e deve
responder a uma pergunta que não quer calar, no governo, na oposição,
muito particularmente no PMDB: se a explosão de 15 de março vai aumentar
mais e mais, ou se aquele grito bastou e agora a maioria vai preferir
ouvir pela janela, panelas à mão. Ou seja, se aqueles milhões foram às
ruas e se recolheram, ou se foram para ficar.
Os militares estão
quietos no canto deles, mas, além dos advogados, dos policiais federais,
dos procuradores e dos jornalistas, outra categoria que vem trabalhando
demais ultimamente são os agentes de inteligência do governo. Nem eles,
porém, têm resposta para a grande pergunta da crise: no que tudo isso
vai dar?
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