VOTO EM AÉCIO NEVES 45
Governador eleito diz que PSDB teve papel fundamental em sua vitória sobre os Sarney
O governador eleito do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, sinalizou ontem
que manterá, no 2.º turno da disputa presidencial, a parceria com o PSDB
de Aécio Neves. Em entrevista ao Estado, ele observou que esse apoio
está condicionado ao respeito à aliança de seu partido com o PT de Dilma
Rousseff. Ao longo de duas horas de conversa, um dia depois de derrotar
o grupo do senador José Sarney, Dino destacou que cobrará do futuro
governo, seja petista ou tucano, a escolha de novos interlocutores do
Maranhão.
Dino observou que seu vice é Carlos Brandão, do PSDB, e o candidato ao
Senado da coligação é Roberto Rocha, do PSB, também eleito. “O PSDB e o
PSB foram determinantes para a minha vitória. Não posso ignorar isso”,
afirmou. “O meu partido apoia a Dilma, é verdade, mas o leque de
alianças montado aqui foi bastante heterogêneo. Não posso dar cavalo de
pau em transatlântico e trem.”
O governador eleito ressaltou que ainda não foi procurado. “Até agora
ninguém me disputou, não (risos). Estou aqui quietinho”, brincou. Com
uma vitória no domingo por quase um milhão de votos de diferença sobre o
adversário Lobão Filho (PMDB), do grupo do senador José Sarney, Dino
disse esperar que Brasília reavalie a interlocução com o Estado.
Os aliados de Sarney têm hoje amplo espaço na máquina federal, com o
comando de ministérios e autarquias. “Qualquer que seja o presidente
eleito, eu tenho essa expectativa (de mudança de interlocução), em razão
do respeito à vontade popular”, disse Dino. “Não é um desejo pessoal
meu. É um fato político. Foi uma decisão do povo do Maranhão que espero
que seja respeitada”, completou.
Para o governador eleito, a influência da “oligarquia” Sarney em
Brasília ocorre desde o governo JK (1956-1960) e passou a ser
desproporcional após o resultado das urnas, no último domingo, no
Maranhão. A manutenção desse espaço seria, na sua avaliação, uma
“violência” contra a vontade da sociedade maranhense. “Não é uma
violência contra o Flávio Dino. A sociedade se pronunciou de forma
eloquente, nítida, de modo tão destacado, enfático, incisivo e
contundente que não permite uma dupla leitura”, disse. “Eles usaram todo
o arsenal deles contra nossa campanha, ainda assim a sociedade deu uma
resposta avassaladora.”
Oligarquia. Dino
ressaltou que seu grupo político não pode desprezar o poder dos Sarney e
avalia que o ex-governador Jackson Lago (PDT), que venceu a disputa de
2006, enfrentou uma correlação de forças desigual e errou ao
“subestimar” o grupo adversário. Lago acabou sendo afastado do governo
pelo Judiciário do Maranhão. “Você não pode subestimar os representantes
da oligarquia porque a ânsia de poder deles é muito grande, o apego ao
poder, à fortuna.”
Em seu apartamento num bairro de classe média de São Luís, Dino afirmou
que pretende, no governo, priorizar a melhoria das condições de vida no
Maranhão. “Temos a contradição de um Estado muito rico, de
potencialidade, boa logística e com base econômica importante que não
consegue garantir condição de vida digna para a população”, disse.
Quando recebeu a notícia da vitória, na noite de domingo, Dino afirmou
que “o coronelismo acabou no Maranhão”. Ontem, ele disse que não se
precipitou. “O resultado eleitoral das urnas permitiu essa conclusão.
Ganhamos com 30% de vantagem. Elegemos o senador (Roberto Rocha, do
PSB). Não foi um ato de vontade minha, mas da sociedade”, disse. “A
sociedade cansou, quer um regime oxigenado, republicano, democrático,
que ouça e aplique bem o dinheiro público.” Dos 42 deputados da nova
Assembleia Legislativa, apenas 14 são ligados a Dino. Ele espera fazer
maioria na Casa e garantir a governabilidade no Estado com forte
presença do grupo de Sarney. “Espero uma transição sem sabotagens.”
FONTE ROTA2014





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