FORA PT VOTO EM AÉCIO NEVES 45
Dois bancos omitiram a identidade dos autores de depósitos que somam R$
26,4 milhões em contas de uma empresa de fachada do doleiro Alberto
Youssef, segundo análise da força-tarefa do Ministério Público Federal
que atua na Operação Lava Jato.
Os bancos são o Safra e o HSBC. A empresa do doleiro é a GFD
Investimentos, que recebeu depósitos de R$ 76 milhões num período de
cinco anos –entre janeiro de 2009 e dezembro de 2013, de acordo com a
análise.
Os R$ 26,4 milhões sobre os quais não se sabe quem depositou equivalem a um terço do total recebido por essa empresa de Youssef.
A identificação do depositante (acima de R$ 10 mil) faz parte das regras
do Banco Central de combate à lavagem de dinheiro. Há uma razão simples
para isso: sem saber quem fez o depósito torna-se impossível saber se o
dinheiro tinha origem lícita.
"A omissão dos dados das origens dos recursos (...) transgride os
regulamentos do Banco Central", escreveram os analistas no documento da
Procuradoria.
A falta de identidade dos depositantes tem dois efeitos que prejudicam a
apuração de crimes financeiros: preserva o nome de quem fazia negócios
suspeitos com o doleiro e dificulta a análise dos fluxos de recursos.
PROPINA
Os procuradores do caso dizem em ações penais que já tramitam na Justiça
que os recursos que ingressavam nas empresas de fachada do doleiro eram
destinados a pagamento de propina. Dois réus e uma testemunha da
Operação Lava Jato que decidiram colaborar com a Justiça confirmaram
esse uso.
A GFD era usada pelo doleiro para negócios aparentemente legais, como a
rede Web Hotéis, e ilícitos, como a simulação de prestação de serviços,
ainda de acordo com os procuradores.
Preso desde março na Polícia Federal em Curitiba, o doleiro decidiu
fazer um acordo de delação premiada para tentar conseguir uma pena
menor. Ele é acusado de liderar um esquema de lavagem de dinheiro que
teria movimentado R$ 10 bilhões.
Apontado como parceiro de Youssef, o ex-diretor da Petrobras Paulo
Roberto Costa também fez um acordo de delação e agora está em prisão
domiciliar, no Rio.
PETROBRAS
A maioria das empresas que fez pagamentos à GFD Investimentos são
fornecedores da Petrobras, como Sanko Sider, Mendes Junior, Paranasa e
Clyde Union.
Os maiores depósitos entre os fornecedores da Petrobras foram feitos
pelo grupo Sanko (R$ 6 milhões) e Mendes Junior (R$ 5,6 milhões quando
se somam os depósitos da empreiteira e de um consórcio liderado pela
empresa, do qual faz parte a MPE).
A Sanko diz que os pagamentos que fez à GFD são referentes à comissão
pela venda de tubos feitas pela empresa do doleiro (leia ao lado).
Segundo a Polícia Federal, a Sanko teve papel central no esquema criado
pelo doleiro e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa para
distribuir suborno a políticos. A fonte da propina eram contratos
superfaturados de obras da estatal, como a da refinaria Abreu e Lima,
diz a PF.
Laudo da Polícia Federal aponta que um consórcio liderado pela Camargo
Corrêa, contratado para construir uma parte da refinaria, repassou R$
37,7 milhões ao doleiro usando o grupo Sanko como intermediário. O
consórcio, chamado CNCC, conquistou o maior contrato para a construção
da refinaria, de R$ 3,4 bilhões.
Além do consórcio, a própria Camargo Corrêa é acusada de ter repassado
R$ 3,6 milhões ao doleiro por meio da Sanko. Nos dois casos, segundo o
laudo, a empreiteira pagou a Sanko por serviços que não foram prestados
–o que os advogados da Camargo Corrêa negam.
FONTE ROTA2014





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