No ambiente jornalístico, a presença dominante dos comunistas é incontestável há décadas. A grande maioria dos jornalistas sempre esteve próxima do esquerdismo. Não digo hoje, como militância aberta, mas no plano da adesão intelectual e da adoção bajuladora e servil a um argumento da autoridade petista, que é um partido da esquerda confessional, aquela que trata o marxismo como um tipo de religião revelada. Sem a submissão a este argumento da autoridade, o governo Dilma Rousseff já teria perdido sua sustentação junto à intelligentsia e, como não possui qualquer respaldo popular, teria desabado.
Em
idioma vicário, o comunismo transmutou-se em progressismo, depois do
colapso da União Soviética. Essa presença comunista nas redações, não é
abertamente ativista, o que não significa dizer que não seja muito
ativa. Ela explica o apoio com que contam, no meio jornalístico, todas
as posições esquerdistas nos chamados temas sociais controversos, como a
liberação do consumo de maconha, o fator antrópico de aquecimento
global, a descriminalização do aborto, a proibição do uso de armas, a
manutenção da maioridade penal em 18 anos e a tentativa de criar crimes
diferenciados contra homossexuais.
Para
o jornalista padrão, o adjetivo “conservador” significa “reacionário”.
E, saliente-se: por total ignorância, este jornalista padrão sequer
sabe o que designa, no universo político-doutrinário, o termo
“conservadorismo”. A militância da redações muito precariamente ouviu
falar de um Burke ou, mais recentemente, de um Scruton, mas as posições
“progressistas” são defendidas, em que pese a sua rejeição pela
esmagadora maioria da sociedade, como as pesquisas de opinião não cansam
de apontar.
Darei
três exemplos: na mídia circulante, o ex-tupamaro Mujica – e isto é uma
forte credencial -, tornou-se um estadista porque liberou a maconha no
Uruguai; Noam Chomsky é o teórico mais influente do mundo porque acusa
os EUA dos mais abjetos crimes e Benjamin Netanyahu é um obstáculo à paz
porque lidera a radical direita israelense contra posições negociáveis
do moderado presidente palestino Abu Mazen.
Tudo
isto é risível. Mujica é um marxista incurável; Chomsky, um mentiroso
cínico e compulsivo, e Netanyahu um político de direita, é claro, mas
democrata, prudente e não está negociando com Abu Mazen porque o
palestino não é, na prática, o moderado que a mídia esquerdista nos
apresenta. Pode parecer paradoxal que a sociedade se expresse de um modo
conservador e a imprensa, no polo contrário, de uma forma
sistematicamente “avançada”. Abrem-se espaços generosos e constantes,
nos jornalões e jornalecos brasileiros, para especialistas aparvalhados
pelo marxismo de almanaque lançarem explicações desesperadas para o que
chamam de “onda conservadora brasileira”. É claro que a classe média do
país cansou do PT. Caiu a máscara do lulopetismo para os chamados
cidadãos e cidadãs comuns, de classe média, o segmento social que
Marilena Chauí - talvez a filosofa maior daquela pocilga intelectual que
Reinaldo Azevedo chama de o “Complexo PUCUSP”-, disse odiar, com
frenesi e sob o aplauso de Lula, seu líder.
As
análises que as estrelas da mídia tradicional nos oferecem sobre a
virada brasileira à direita são tão miseráveis quanto a ideologia de
baixo marxismo que eles abraçam e insistem em espalhar. São sempre
análises autoindulgentes, que sequer raspam o cerne das razões pelas
quais o PT se espatifou politicamente: a ausência escancarada de energia
moral, a desgraçada insistência em agredir os valores mais caros ao
povo e a corrupção, que, mais do que entranhada no partido, é inerente à
sua doutrina.
Existe,
é claro, na chamada mídia, uma trincheira heroica, daqueles que
desafiam essa quase unanimidade. No entanto, o quase-consenso vermelho é
policiado selvagemente por lideranças políticas, intelectuais
delirantes e por uma legião de blogueiros e twitteiros da linha justa.
Se apenas com isto não se pode impedir que escândalos sejam noticiados,
que o naufrágio do lulopetismo se mostre irreversível, então que se
trate de apertar mais a corda nos pescoços dos bajuladores petistas
usuais, que dominam as redações. Talvez assim aquilo que já está péssimo
não desande. Não é por acaso que Lula sai por aí, enquanto o país
afunda numa crise moral, política e econômica patrocinada pelo seu
partido, a uivar que a mídia quer destruir o PT. Muito menos que os
petistas, que se lambuzaram na corrupção do Mensalão e do Petrolão,
dizem que toda essa podridão não passa de uma construção da mídia
reacionária. Eles sabem, é certo, que a mídia é precisamente o oposto do
que a acusam, ou seja, é uma mídia amestrada por anos de submissão a um
marxismo de clichês.
A elite petista sabe que a companheirada que os ampara nas redações pode muito. Mas nós sabemos que ela não pode tudo.
Luis Milman é professor de filosofia e jornalista.
extraídademidiasemmascara





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