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21:14
ANDRADEJRJOR
EDITORIAL O GLOBO

Modelo usado na
Petrobras, em que empreiteiras ganhavam contratos e pagavam propinas a
partidos e políticos, já foi detectado em Belo Monte e na Ferrovia
Norte-Sul

Em
um dos primeiros testemunhos prestados sob o regime de delação premiada
pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, ao Ministério Público
e ao juiz Sérgio Moro, ele deixou registrado que o esquema de corrupção
montado entre partidos (PT, PP, PMDB, no caso da estatal) e
empreiteiras não se resumia à companhia, se espraiara pelos canteiros de
grandes obras — usinas hidrelétricas, aeroportos etc.
Agora que
as investigações sobre a roubalheira na Petrobras estão mais avançadas,
alguns dos mesmos protagonistas do escândalo na estatal passam a falar
também da corrupção em outros grandes projetos patrocinados pelo Estado.
Noticiou-se,
primeiro, que a hidrelétrica Belo Monte gerara propinas para PT e PMDB —
provavelmente lavados como doações “legais” — de 1% do valor do
contrato fechado com a Camargo Corrêa. Cada legenda teria levado R$ 51,2
milhões, para a empreiteira ganhar o negócio, segundo o presidente da
empresa, Dalton Avancini.
Agora, é a Ferrovia Norte-Sul, obra que
se eterniza. O mesmo Avancini, em confissão também sob as normas da
delação premiada, relatou a atuação do “clube de empreiteiras”, o mesmo
do petrolão, para dividir entre si trechos da obra e o pagamento de
propinas: 1% para cada um dos mesmos PT e PMDB; 5%, no caso de aditivos,
muito usados para superfaturar ainda mais os contratos.
A
história dessa ferrovia, ainda longe de ser completada, é um monumento à
incúria do poder público. Lançada no governo Sayney (1985-1990), o
projeto ganhou manchetes de denúncias em 87, quando a “Folha de S.Paulo”
revelou o conluio entre empreiteiras para dividir 18 lotes da obra.
Estavam lá a Camargo, a Odebrecht, Queiroz Galvão, Mendes Jr., entre
outras. Ou seja, as de sempre.

Muito
tempo depois, em 2012, no governo Dilma, um ex-presidente da Valec,
estatal responsável pela construção de ferrovias, José Francisco das
Neves, o Juquinha, chegou a ser preso pela Polícia Federal, numa
operação de sugestivo nome: Trem Pagador. Juquinha tinha a proteção do
PR, “dono” do Ministério dos Transportes desde Lula.
A ampliação
do mesmo esquema de corrupção do petrolão a segmentos do PAC tem lógica:
afinal, por que o PT e aliados (PMDB, PP...) que patrocinaram o assalto
à Petrobras não fariam o mesmo em Belo Monte, na Norte-Sul e assim por
diante? Até porque o outro lado, as empreiteiras contratadas, também é o
mesmo.
Assim, a matriz da alta corrupção no Brasil envolvendo
grandes obras públicas começa a ser desvendada a partir do petrolão. O
PT não inventou o assalto aos cofres públicos, é certo, mas foi com ele
que a roubalheira atingiria escala industrial, ficaria sistêmica. Como o
PT se rendeu ao fisiologismo na montagem dos ministérios de Lula e
Dilma e da base parlamentar, o que era artesanal virou ampla e veloz
linha de montagem.
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