por Marco Antônio Villa
Algumas observações:
1. A cena política brasileira mudou radicalmente nas últimas 2 semanas. Não é possível fingir que nada aconteceu ou simplesmente destacar os fatos negativos ocorridos (e foram muitos);
2. O grande derrotado foi o PT, especialmente Dilma. Foi vaiada na abertura da Copa das Confederações, os resultados da economia são a cada dia mais preocupantes e mostrou fraqueza durante a onda de protestos. Poderia ter ido à TV, falado, justificado e (se assim achasse melhor) tomado atitudes. Ficou calada. Como uma aluna relapsa, veio a SP ouvir do seu criador orientações do que fazer. As próximas pesquisas vão mostrar que sua popularidade caiu (já estava caindo). A reeleição está indo para o buraco. E aí que vem lá? Ele, novamente (só que a história não se repete, como ele imagina);
3. A oposição, sem fazer nada, ganhou. Apesar do sentimento anti-partido das manifestações, a eleição só pode ocorrer com candidatos filiados a partidos, de acordo com a legislação brasileira. E a maioria silenciosa e televisiva (que viu tudo pela TV como em uma novela de ação) identificou-se com as demandas mais gerais (corrupção, gastos da Copa, saúde, etc). O sentimento de “saco cheio” pode ter atingido o eleitor do sofá e aí não há João Santana que consiga dar jeito;
4. Quando as ruas acalmarem, sobra a estrutura política tradicional existente. Através dela é que poderá acontecer algum tipo de mudança. Não há outro caminho. O protesto terá de virar matéria-prima para mudanças políticas. Caso contrário, não vai redundar em nada. Aí é que mora mais um problema: será que esta estrutura quer a mudança? Como mudar?
Algumas observações:
1. A omissão de Dilma é imperdoável. faz dias que desapareceu. Se teve tempo para vir ontem à SP ouvir “conselhos” do seu criador, por que não convocou uma entrevista coletiva ou fez um pronunciamento na TV? Afinal, o movimento é nacional. E o ministro Cardozo? Onde está?
2. Serve a velha metáfora: a árvore não deve ocultar a floresta. Teve momentos deploráveis de vandalismo mas o que ocorreu nas ruas é algo efetivamente histórico. Não há paralelo nenhum com as Diretas ou com o impeachment de Collor. É algo absolutamente novo. Daí que é impossível prever o que vai acontecer, se o movimento vai se ampliar , se acaba amanhã, se virá um instrumento de renovação política, etc, etc;
3.A notícia mais engraçada do dia foi a tentativa FRACASSADA do PT de liderar as manifestações. Coisas do Rui Falcão;
4. Toda a elite política está perdendo com as manifestações. Eles estão em silêncio absoluto. Mas quem mais perdeu foi a Dilma. E se juntarmos com as dificuldades econômicas (que vão aumentar ainda mais), com a base rachando, com a incapacidade administrativa dela e dos ministros, etc, etc,a reeleição começa a ir para o buraco (que está longe, é verdade, mas ela hoje começa a vislumbrar a possibilidade de ser derrotada. A sorte dela é que a oposição não tem um candidato eleitoralmente forte);
5. Lula se autoproclama o maior líder da história do Brasil. Por que não comparece a uma dessas manifestações? Não tem coragem?
6. Corre boato de que Dilma poderá adotar o Estado de Sítio (artigo 137). Teria de ouvir o Conselho de Defesa Nacional e o Conselho da República, ambos inexistentes (coisas do Brasil). E ser aprovado por maioria absoluta pelo Congresso Nacional. Não creio.





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